quarta-feira, agosto 29, 2012

ANTÓNIO AUGUSTO MENANO - CINQUENTA ANOS DE POESIA [ ANTOLOGIA POÉTICA ] APRESENTADA NO CASINO DA FIGUEIRA


António Augusto Menano



Decorreu no Casino da Figueira da Foz a apresentação da Antologia Poética de António Augusto Menano, que pretende comemorar o cinquentenário da edição do primeiro livro do poeta, Tempo de Voar, em 1961.
Memória da luz e outros poemas, assim intitulada, é uma antologia que reúne toda a sua obra poética e foi organizada por António Pedro Pita, editada pelas Edições MinervaCoimbra contou com o patrocínio do Casino Figueira.


António Pedro Pita, António Augusto Menano, Isabel Garcia e Domingos Silva




Domingos Silva, Administrador do Casino Figueira, abriu a sessão, tendo-se seguido as intervenções de Isabel de Carvalho Garcia (MinervaCoimbra), António Pedro Pita e por fim o autor, António Augusto Menano.





ANTÓNIO AUGUSTO MENANO nasceu em 1937. Destacou-se, desde muito jovem, na cena cultural portuguesa. Apesar de fortes ligações ao cinema e ao cineclubismo bem como à literatura e ao jornalismo cultural, é à poesia que, durante muito tempo, consagra a dimensão mais profunda do seu vínculo estético.
Pela estreia, em 1961, é contemporâneo de uma viragem na poesia portuguesa contemporânea. A sua poesia, pós-pessoana e pós surrealista e não alheada das pesquisas formais, mantém contudo uma forte relação com a herança realista, concentrada numa explícita temática social e política.
Não admira, por isso, ver o seu nome em algumas das mais significativas antologias e publicações coletivas que se publicam entre nós, desde os anos 60: A poesia útil (1962), Antologia de Poesia Universitária (1964), Poesia Portuguesa do Pós-Guerra, 1945-1965 (1965), Hiroshima (1967) e Vietname (1970), entre outras.
Ao mesmo tempo, escrevendo sempre, António Augusto Menano vai espaçando as suas obras: só dez anos depois de Tempo Vivo, o segundo livro, publicado em 1963, edita Mundos Simultâneos (1973), seguido de Memória das Coisas (1990).
Entretanto, instala-se em Macau. A sua poesia, sempre modelada pela viagem e as descobertas de múltiplos “outros”, abre uma clave pessoal a novos temas. Publica Poemas de Oriente (1991), Poemas de Macau e Poemas da Roxa Aurora (2009), livros que inscrevem Menano no prestigiado conjunto de poetas portugueses fascinados por Macau.
Em 1998, alguns dos muitos poemas inéditos deram origem a Arco da Memória. Publicou depois Transire – Ventos no Casaco e Teoria do Vidro (2003) e Bazar íntimo (2007).
Na Figueira da Foz, decisiva referência biográfica e mítica do seu percurso e do seu imaginário, desenvolveu intensa atividade cultural e cívica de ressonância nacional. Importa destacar o semanário Mar Alto, título maior da nossa imprensa cultural onde publicou centenas de páginas muito significativas (entrevistas, artigos de circunstância, textos de opinião e crítica). Foi cítico de poesia no semanário Vida Mundial e colaborou nos mais significativos suplementos e páginas culturais portugueses e em imprensa cultural africana, espanhola e brasileira. Foi ainda pioneiro na divulgação crítico-ensaística da chamada “ficção científica”, temática de um livro anunciado mas jamais publicado.
A criatividade de António Augusto Menano alargou-se entretanto ao domínio da ficção, toda publicada em Macau (Inominável Segredo, 1993; Qual o começo de tudo isto?, 1996; A Guardiã e outras histórias, 2000) e à pintura (exposições um pouco por todo o mundo), sobre a qual escreveu textos críticos e uma obra poética, Caleidoscópio (1996), singular meditação sobre a relação entre a pintura e a poesia.
António Augusto Menano é, pois, uma personalidade singular do nosso meio cultural e artístico. Sempre discreto e muitas vezes decisivo, presente mas invisível, em estado permanente de criação embora desinteressado da “burocracia” da publicação, António Augusto Menano tem vindo a decantar muito lentamente uma obra poética desassossegada, lírica e melancólica, consagrada à indagação dos modos múltiplos de o tempo organizar o caos.

Sem comentários: