quarta-feira, janeiro 23, 2008

FÁBRICA na Galeria Minerva

A Galeria Minerva inaugura no próximo sábado, dia 26 de Janeiro, às 18h00, uma exposição de pintura de Ana Santiago intitulada "Fábrica".

A mostra estará patente até dia 20 de Fevereiro, de segunda a sábado, das 10h00 às 13h00 e das 14h30 às 19h00.


Ana Santiago (Porto – 1980)
Nasceu, reside e tem atelier na cidade do Porto, Portugal.
A artista emergente iniciou a sua actividade artística em 1999 concluindo o Curso Tecnológico de Conservação e Restauro, no Instituto das Artes e da Imagem (IAI) em 2002 no Porto, onde efectuou um curso livre de pintura paralelamente.
Expôs no Mercado Ferreira Borges em 2002 como participante da mostra colectiva “ As Cores do Porto”.
Licenciou-se em Arte e Comunicação na Escola Superior Artística do Porto (ESAP), tendo concluído a mesma em 2006. Durante este período desenvolveu diversos projectos artísticos, centrados na pintura e artes digitais, como por exemplo, a produção e realização do projecto Spoting, mostra colectiva de vídeos, Bazaar em 2004.
Permaneceu em Metz (França) para frequentar a Beaux-Arts de Metz em 2004 / 2005, através do Programa Erasmus. Participou nas Conferencias de Música Contemporânea da cidade de Metz em “ELECTROPHONE” dedicada à banda “The Residents”.
Com um pé em França e outro em Portugal produziu e realizou, em conjunto com João Soares, o Festival Internacional de Vídeo Timeline para a XIII Bienal Internacional de Arte de Vila Nova de Cerveira em 2005.
Depois de ter concluído a licenciatura estagiou na Fundação de Serralves, na Assessoria Comercial, Loja de Serralves.
Participou na exposição colectiva “Arte Portugal PALOP – CPLP”, realizada pela ANAP, Galeria de Arte do Hotel Ipanema Park, no Porto em 2007.
Participou na exposição colectiva “Paisagem Urbana Hoje”, Galeria de Arte dos Antigos Paços do Concelho, em Viana do Castelo em 2007.
Actualmente frequenta o Mestrado de Arte e Design para o Espaço Público, na Faculdade de Belas Artes na Universidade do Porto.



Ana Santiago

…” Quem somos nós, quem é cada um de nós senão uma combinação de experiências, de informações, de leituras, de imaginações? Cada vida é uma enciclopédia, uma biblioteca, um inventário de objectos, um catálogo de estilos. Onde tudo pode ser continuamente remexido e reordenado de todas as maneiras possíveis”…
Italo Calvino
“ Seis propostas para o próximo milénio”


É indeterminável o número de pessoas que no passado, no presente e no futuro trabalham o tema da Identidade sob as mais variadas maneiras, os infindáveis pontos de vista...
Ana Santiago faz uma busca da Identidade incessante no quotidiano, uma procura nela e no mundo que a rodeia. Realiza esta reflexão sobre o tema identidade tendo sempre presente a relativa subjectividade do tema, que ultrapassa qualquer limite. E, portanto, tem como principal objectivo levantar questões que são muitas vezes por nós ignoradas mas que estão presentes em cada segundo da nossa vida.
Teremos nós identidade?
As nossas impressões digitais, o nosso bilhete de identidade, as nossas características físicas e psicológicas serão a nossa identidade?
“…Vejo a minha identidade como um processo de cimentação, de pequenas formas, que se vão produzindo, transformando e deslizando lentamente até que quando caem lá em baixo se encaixam umas nas outras e formam uma espécie de puzzle que é a minha identidade…”.
Estas pequenas formas são as minhas experiências, as minhas vivências, as informações, as leituras, as minhas bibliotecas e enciclopédias como foi denominado por Ítalo Calvino.
Os sentimentos, as aventuras, as loucuras, os meus prazeres, as minhas lágrimas, os meus maus e bons momentos. Os medos, as defesas, as fortificações tudo se processa dentro de cada um de nós, segundo a segundo, minuto a minuto, hora a hora, dia a dia, semana a semana, mês a mês, ano a ano, de vida para vidas.
Todas estas pequenas formas são continuamente remexidas e reordenadas de todas as maneiras possíveis.
A identidade altera-se consoante a maneira como reordenamos ou remexemos as formas durante a nossa vida.
Vida enquanto Ser Humano, implica uma identidade singular.
Mas se pensarmos no número de identidades que existem no nosso planeta Terra, ficamos perplexos com a complexidade do tema.
Cada um de nós possui um processo de cimentação das formas, possuindo configurações estéticas únicas, poder-se-á tratar de uma infindável representação.
Como processo, trata-se de uma metáfora fórmica.
A cimentação, propriamente dita, talvez não exista, pois é continuamente alterada, a posição das formas relativamente umas às outras, a velocidade com que caem também não é constante nem igual de Ser Humano para Ser Humano. A sua produção também é exclusiva de cada fábrica.
Estas formas nascem como causa – efeito, que são a nossa essência. A essência é a vida, a vida é uma viagem, creio, ser uma viagem cuja plataforma é a Vida.
A identidade de cada um de nós implica a vida de cada um de nós.
Desde o primeiro momento em que somos gerados, pela fecundação daquele espermatozóide e daquele óvulo, da evolução do ovo até ao embrião. A nossa formação durante o tempo que estamos dentro da cápsula também faz parte da formação da nossa identidade.
O outro lado da viagem que cada um de nós faz neste planeta, é a morte.
A morte também contribui para a nossa identidade, pois quando nascemos interiorizamos a morte, será essa também uma forma que produzimos? Sim, penso que sim. Esta será uma forma com infinitas configurações possíveis mas que é comum a todos os seres Humanos.
As configurações estéticas das formas são infinitas, pois depende, como as absorvemos, reflectimos e pensamos. A causa que tem como efeito a sua respectiva forma.
O puzzle, a nossa identidade vai se produzindo, transformando-se até formar uma única forma composta pelas pequenas formas, como se boiasse ou flutuasse, dentro de nós, em constante adaptação e mutação.

Assunção Pestana

Mais informações sobre Ana Santiago aqui

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