quinta-feira, julho 26, 2007

MinervaCoimbra nos jornais

O Fio do Horizonte
Tanta imagem
Eduardo Prado Coelho
Público, 16 de Julho de 2007


Vivemos rodeados de imagens que têm uma característica curiosa: parecem evidentes. Enquanto perante um texto nós temos a necessidade de conhecer o alfabeto em que foi escrito, a língua em que foi pensado e redigido, a enciclopédia de conhecimentos que envolve para uma compreensão adequada e o contexto em que surge, com todas as dificuldades oculares e mentais que dominam a sua correcta recepção, uma imagem, qualquer imagem, começa por parecer ser aquilo que é e torna-se por isso, no sentido literal do termo, uma "evidência". É claro que a imagem tem as suas conotações: se vemos uma criança branca a brincar com uma criança negra, isso pode significar que não existe neste lugar ponta de racismo; ou se vemos o primeiro-ministro pestanejando de sono, isso significa que se está a insinuar o seu cansaço; e se virmos Cristiano Ronaldo a beijar na boca a apresentadora indiana das Sete Maravilhas, isso é a afirmação da cada vez maior projecção internacional do nosso celebrado futebolista. Mas isto são ainda efeitos que derivam das imagens, e não as imagens na sua constituição e estrutura. Contudo, é possível "ler" (num sentido metafórico, claro) as imagens.

Há já quase dez anos que a revista Visão tem nas suas páginas uma crónica semanal de João Mário Grilo. Muitas vezes salto páginas para ir ao encontro dos seus textos, movido por aquela curiosidade que os bons cronistas sempre suscitam: de que falará ele hoje? Na colaboração de João Mário Grilo fala-se, em textos forçosamente curtos e sintético, de coisas diversas, como exposições, livros de arte, filmes, programas de televisão, questões de política cultural relativas ao cinema, e imagens que por uma razão ou por outra circulam à nossa volta.

É uma selecção ampla do conjunto dessas crónicas que aparece agora num livro da Editora Minerva de Coimbra: O livro das imagens, com a reprodução de certas imagens de filmes (por exemplo, A noite escura de João Canijo, mas sobretudo das imagens que são objecto de uma análise específica). A Minerva tem criado colecções particularmente atentas à comunicação social, e aquela onde este livro se insere é uma delas, com textos importantes de Daniel Dayan e Elihu Katz ou Georges Balandier, ou de Mário Mesquita (que orienta a colecção), Tito Cardoso e Cunha e José Augusto Mourão. Surge agora este excelente livro, em que as crónicas aparecem descontextualizadas, e por isso não datadas, e portanto podem ser lidas de um modo solto, embora os temas remetam para circunstâncias específicas.

Um exemplo: neste livro em que tanto se fala de Gary Hill ou de Amaral Lopes, de Pedro Proença ou de Scolari, de um livro sobre August Sander, ou de um filme de Manoel de Oliveira, existe um belíssimo texto que se intitula: Jonathan. Trata-se da impressionante imagem do homem que se suicidou, lançando-se no espaço, no 11 de Setembro. O que perturba é a imagem ter uma força estética notável. E é aqui que nos interrogamos sobre os limites, ou não, da esteticização das tragédias reais. Uma crónica magnífica que define a qualidade de um livro.

terça-feira, julho 24, 2007

Uma noite de Verão

A iniciativa "Uma noite de Verão", na Casa Museu Bissaya Barreto, decorreu sob o signo do bom gosto e beleza.

Arte, poesia e dança deram as mãos proporcionando um espectáculo de excelência a todos os que quiseram disfrutar da ambiência romântica e de uma noite diferente no interior e jardins da Casa Museu Bissaya Barreto.







Cerca de uma centena de pessoas acompanharam Isabel Horta e Vale, directora da área da cultura da Fundação Bissaya Barreto, os artistas, a pianista, o poeta-leitor, e as bailarinas nesta noite de Verão.

O evento iniciou-se com a inauguração da exposição colectiva de pintura dos consagrados CARLOS LANÇA (Porto), MÁRIO SILVA, MIGUEL BARBOSA (Lisboa), PEDRO OLAYO (FILHO), RUI CUNHA, VASCO BERARDO, SANTIAGO RIBEIRO aos quais se juntou o francês JEAN BAPTISTE GARON. As várias técnicas, os mais variados estilos e o jogo cromático fazem desta colectiva uma exposição a não perder (até ao próximo dia 27 de Julho).






"Dizer os Poetas" foi o recital de poesia que se seguiu por Luís Machado acompanhado na perfeição ao piano por Inês Rodrigues Correia, jovem pianista que veio de Faro e que conta já no seu curriculum com vários prémios internacionais. Luís Machado, poeta, actor e leitor de poesia, há mais de três décadas, emprestou a sua bem timbrada e cristalina voz a Fernando Pessoa, José Gomes Ferreira, António Gedeão, Miguel Torga, Natália Correia, Eugénio de Andrade, Sophia de Mello Breyner, António Ramos Rosa, Manuel Alegre e António Arnaut.




A encerrar o espectáculo as solistas, da Academia de Bailado de Coimbra, Ana Filipa Mateus, Aline Santos, Catarina Gomes, Catarina Lemos, Inês Costa, Joana Martins, Mariana Vieira e Susana Nobre dirigidas por Gabriela Figo, dançaram magistralmente ao som de Satie, Prokofiev, Bocherinni, Waldteufel, Sometana e TchaiKowsky, deixando nos presentes uma imagem de cor, beleza, leveza e perfeição.





Esta organização da Fundação Bissaya Barreto contou com o apoio de Isabel de Carvalho Garcia (MinervaCoimbra) e Santiago Ribeiro.

Fotografias de José Bacelar e Multimedia de Luís Sequeira.

A Coroa de Góis


No dia 13 de Julho foi lançado o livro "A Coroa de Góis" de Ana Filomena Amaral. A sessão decorreu no âmbito da GóisArte, iniciada por Ana Filomena Amaral há 10 anos. A apresentação da autora esteve a cargo de Isabel de Carvalho Garcia e a apresentação do livro de Assumpta Coimbra.







Reflexão a partir da obra “A Coroa de Góis”

Começo por felicitar a Ana Filomena Amaral pela obra “A Coroa de Góis”, pelo que esta nos proporciona em termos de ajuda no equacionar o significado de uma vida humana autêntica e também a nos posicionar no mundo actual, de modo comprometido, crítico e solidário, isto é, com sabedoria.

Insisto na palavra “sabedoria” porque esta ocupa uma posição fulcral nesta obra, simbolizada na “lâmpada de Hanuka” e, na actualidade, constitui, talvez, a única postura capaz de orientar e guiar o homem humanamente.
A sabedoria não visa apenas o conhecimento; o conhecimento pretende distinguir o verdadeiro do falso, o real do aparente; a sageza, servindo-se do conhecimento, aspira orientar e guiar o homem na vida, isto é, ensiná-lo a viver.

Concordo com o filósofo F. Pereia quando este refere que estamos numa época em que “Conhecimentos sobejam. O que falta muitas vezes é discernimento, juízo, sabedoria para utilizá-los”(Filosofia en Accion, 1987).
Por sua vez, agradeço a confiança depositada em mim pela Ana Filomena Amaral para fazer a apresentação deste seu livro, o que muito me sensibiliza em termos de amizade.

Somente espero não a decepcionar ou mesmo, com as considerações que vou tecer, não escamotear a importantíssima mensagem que o livro veicula.

Uma vez que não há nenhuma leitura descomprometida ou inocente do real, e uma vez que um texto é sempre pretexto para um outro texto, previamente informo que vou tentar, despretensiosamente, como aprendiz e interessada pelas coisas da Filosofia, “agarrar” em algumas ideias-chave manifestas e/ou latentes nesta obra. No fundo, fazer aquilo que a autora expressa neste livro a propósito do pai de Josef Rosenbaum, que dava aulas de filosofia e foi, passo a citar: “acusado de subverter as mentes”. Eu acrescento, isto necessariamente, com vista à assumpção de uma atitude pessoal, critica e reflexiva do mundo e da vida.

“A Coroa de Góis” é uma obra dedicada a Alice Sande, uma miniaturista que, particularmente, nesta terra não necessita de apresentação, aliás protagonizada ao longo da obra pela personagem “tia Esmeralda”. Uma artista em que, passo a citar: “as palavras voltaram-se para dentro e converteram-se em sentimentos miniaturados, o seu mundo passou a ser as pequenas e finas placas de marfim, onde o amor se aguarelou em abraços, beijos, seduções, em liberdade. A arte tornou-se o retrato miniatura da própria vida e a sua alma revelou-se em luz e cor”(pp. 129-130). Uma “artista das montanhas, dos rios e dos céus, da água, do ouro e do mel, do real e do que está para além dele”(p.14).

Acerca da obra “A Coroa de Góis” proponho-me enfatizar e explorar três temas que me parecem fulcrais para perceber a mensagem da autora. Refiro-me como referenciais chave aos conceitos de Natureza, Humanidade e Historicidade.

A essência desta obra está na valorização da Natureza e, consequentemente, na acentuação da Humanidade. E sobretudo, pressupõe-se e frisa-se como indispensável a ligação do Homem à Natureza, também explicada e explicitada numa visão cósmica, com alusões a actos originários e a símbolos primordiais.

A Natureza não pode ser aniquilada porque dela depende também o equilíbrio humano. A Natureza deve ser valorizada, conservada e admirada.

Como se refere na obra: “… no interior anda-se devagar mas não se pára, o nosso ritmo é o da Mãe, ela também não tem pressa e a nossa é que está a destruí-la”(p.14); “Esta paisagem submerge-me, reduz-me ao insignificante e, no entanto, sinto que faço parte desta grandeza. A sério, perante esta beleza sinto-me como um todo, não há dúvida que a cidade isola-nos, fragmenta-nos, esvazia-nos. Talvez esteja aqui a nossa única salvação, se nós salvarmos a natureza ela salva-nos a nós”(p.139).

“A descer, entre vegetação e pedras lá encontrámos o xisto insculpido e, sob o nosso olhar abriu-se a clareira do mundo onde o silêncio e a aragem, filha do vento, dominavam as penedias. Aí rendemo-nos à força da Mãe e celebrámos silentes o ritual da imortalidade”(p.94).

Concretizando em relação ao Concelho de Góis, de modo particular, diz a personagem Jorge (talvez, em parte, retrato da autora) “quando cheguei a Góis fiquei contagiado com a sua atmosfera e a inspiração surgiu com a vontade de celebrar a grandiosa natureza que envolve esta pacata vila”(p.41), pois “o livro está praticamente escrito, esta terra é de sonho, de romance, de segredo … Enfim, possui todos os ingredientes …”(p. 47).
Eis um excerto que pode sintetizar esta obra!

“Na cidade o ar rareava para tanta gente e tudo esmaecia e fenecia sem ele. Ali respirava-se vida, terra, água, a matéria invadia-me todos os sentidos, transmitindo-me uma sensação de plenitude, só possível quando somos um todo inseparável, em osmose. Talvez se encontrassem ali, no interior do país, da terra, da matriz, de nós, nas gotas de orvalho, no canto dos pássaros, no murmúrio do vento, as respostas a todas as perguntas que apoquentem a humanidade. Talvez ali, em comunhão absoluta com a mãe, ser humano se revelasse ser o segredo da imortalidade”(p.121)

De facto há que alertar para o duplo perigo de destruição matricial da Natureza e de desenraizamento do homem. Aspecto este que as personagens do livro teimam em salientar.

Efectivamente, impõe-se questionar nos tempos actuais e nos que se avizinham: como definir o homem? Que suporte ontológico atribuir-lhe? Perspectiva-lo como um ser amputado e dependente, não da tradicional “Mãe Natureza”, mas de toda uma quinquilharia mecânica e electrónica, que tenta camuflar o seu vazio existencial?
Não se vislumbrará o esbatimento de uma parte essencial do real? Que lugar para o “outro”? Perda da sua referência ou o seu esquecimento na socialização do homem? Sobrevalorização da sua presença virtual em detrimento da real?

São hoje crescentes as análises críticas e os exemplos de tomadas de posição e de alerta para uma existência emersa no virtual, para um modo de vida preso ao “ligar e desligar”, mistura de espaço real e simulado, conduzindo a uma desmaterialização da nossa própria casa e condenando o homem ao uso de “próteses” electrónicas.

Acarretando tal, que o mundo onde o homem é, vive e pensa ceda lugar a outro, a uma outra forma de realidade na qual a metáfora da casa se transfigura. Assim, acrescenta o filósofo Miguel Baptista Pereira, “perde-se na bruma dos tempos a convicção da sabedoria humana de que existir é morar em sentido originário, é estar no seu espaço próprio, que é o mundo como o animal no campo ou as estrelas no céu”(1995, 237).

Não sem laivos de nostalgia e irreverência pergunto: o que aconteceu ao cheiro natural do nosso corpo? Que considerar como casa: o lugar onde colocamos o chapéu ou as instâncias por onde nos deslocamos via digital?
Como perspectivar a vida corpórea neste processo de cibergnosis, de transcendência do corpo em puro espírito ou informação?

Quanto a mim, impõe-se interrogar: Que postura perante tal viragem?
Para mim é, simultaneamente, de assombro e encantamento mas, também, de sensação de algum empobrecimento. Pelo menos de alerta pois que o mundo não pode ser máquina, nem as relações humanas sempre mediadas e perspectivadas em função dela.

Contudo, é urgente informarmo-nos e acompanharmos atentamente e criticamente as mudanças.

As personagens do livro “A coroa de Góis” procuram estar no mundo de modo peculiar, com uma história e um projecto, não sendo espectadores desinteressados da realidade física, histórica e social.

Assumem-se como seres problemáticos e problematizantes que frente à realidade, face ao mundo e à sua existência assumem uma atitude activa e doadora de sentido. A partir delas surge uma reflexão sobre o mundo, sobre a vida e sobre elas próprias, por sua vez, com vista à acção.

Que futuro para a Humanidade? Que pensar acerca dos crimes contra a Humanidade ocorridos durante a II Guerra Mundial? Que discorrer depois de “Auschwitz”? Que dizer da defesa do progresso, proclamado pelo Iluminismo, crente na emancipação da Humanidade? Não terá perdido a sua credibilidade?

São personagens que equacionam e articulam o passado, presente e futuro. Passo a citar:“como se o passado se projectasse no futuro e depois retrocedesse para o presente, através de mim, comigo”(p.47).

Este aspecto é importantíssimo face a toda uma vivência na actualidade em que se assiste ao advento do homem da contingência imediata que pretende comprimir o tempo, senão, aboli-lo e que procura viver afastado do passado e do futuro, na busca do presente eterno.

O homem-presente distingue-se assim do homem perspectivo que pressupõe a visão de um tempo histórico (do passado para o futuro através do presente), de um tempo cumulativo edificado pela experiência e onde a expectativa, interpretada como horizonte possível, não se pode deduzir apenas daquela.

Em contraposição a tudo isto estas personagens se afirmam. Utilizam palavras com densidade ontológica.

Defende-se a importância da palavra e a preconização de que, cito: “as palavras deviam ser poupadas como as placas de marfim das miniaturas, pois cada vez havia menos gente a saber utilizá-las”(p.12).

Preconiza-se para a palavra, volto a citar: o “desnudar dos seus hábitos quotidianos, purificar da vulgaridade do uso, encher de seiva original”(pp.115-116).

Parafraseando as palavras de uma personagem da obra ao agradecer o que tinham feito por ele, os riscos corridos, enfim, tudo o que vivera em Góis …, vou dirigir o resto da frase à autora Ana Filomena Amaral: “com certeza ficámos mais sábios e mais puros com esta experiência, talvez até mais humanos, no pleno sentido da palavra” (p.133).

Tenho dito.

Góis, 13 de Julho de 2007
Maria Assumpta Coimbra




quarta-feira, julho 18, 2007

Caminhos do sonho encerram temporada das Terças-Feiras de Minerva


A Livraria Minerva encerrou mais uma temporada das Terças-Feiras de Minerva com um recital de poesia por Amélia Campos, do grupo Thíasos do Instituto de Estudos Clássicos, e José Ribeiro Ferreira.

O recital, intulado "Caminhos do Sonho", foi uma homenagem a Antero de Quental e Cecília Meireles, mas incluiu ainda poemas de Sebastião da Gama, David Mourão-Ferreira, Fiama Hasse Pais Brandão, Manuel Alegre e José Ribeiro Ferreira.

A anteceder esta leitura vários convidados e autores das Edições MinervaCoimbra leram também alguns poemas de sua autoria, nomeadamente, Maria Lucília Mercês de Mello, António Vilhena, António Arnaut, Joaquim Carvalho, Júlio Correia, José Ribeiro Ferreira e Delfim Leão.

As sessões das Terças-Feiras de Minerva regressam em Setembro.







Acordando

Em sonho, às vezes, se o sonhar quebranta
Este meu vão sofrer, esta agonia,
Como sobe cantando a cotovia,
Para o Céu a minh'alma sobe e canta.

Canta a luz, a alvorada, a estrela santa,
Que ao mundo traz piedosa mais um dia…
Canta o enlevo das coisas, a alegria
Que as penetras de amor e as alevanta…

Mas, de repente, um vento húmido e frio
Sopra sobre o meu sonho: um calafrio
Me acorda. — a noite é negra e muda: a dor

Cá vela, como dantes, ao meu lado…
Os meus cantos de luz,anjo adorado,
São sonho só, e sonho o meu amor!

Antero de Quental
Poesia Completa (Lisboa, 2001), pp 244








Sonhos da menina

A flor com que a menina sonha
está no sonho?
ou na fronha?

Sonho
risonho:

o vento sozinho
no seu carrinho.

De que tamanho
seria o rebanho?

A vizinha
apanha
a sombrinha
de teia de aranha…

Na lua há um ninho
de passarinho.

A lua com que a menina sonha
é o linho do sonho
ou a lua da fronha?

Cecília Meireles
Poesia Completa (Rio de Janeiro, 1994), pp 811-812







O Sonho

Pelo Sonho é que vamos,
comovidos e mudos.
Chegamos? Não chegamos?
Haja ou não haja frutos,
pelo Sonho é que vamos.

Basta a fé no que temos.
Basta a esperança naquilo
que talvez não teremos.
Basta que a alma demos,
com a mesma alegria,
ao que desconhecemos
e ao que é do dia-a-dia.

Chegamos? Não chgeamos?

— Partimos. Vamos. Somos.

Sebastião da Gama
Pelo Sonho é que Vamos (Lisboa, 1971), pp 59







Ulisses e Nausícaa

Não tinha sido fábula a saudade
de estar ao pé de mim sem estar comigo:
vejo-te agora em água, areia, carne,
e és o culto no sonho pressentido!

Cheiro de rocha a que não chega o mar,
por mais que o mar invente marés vivas…
Reconheço-te, ó palma tão sem par:
és a graça da terra ao céu erguida.

Pisas, ao caminhar, o próprio vento,
que se embuçou no manto de uma duna…
Desfazes sob os pés os grãos do tempo,

por do Tempo não teres noção nenhuma…
De que me serve ter vencido sempre,
se aqui me vence a tua juventude?

David Mourão-Ferreira
Obra Poética (Lisboa, 1996), pp168

segunda-feira, julho 16, 2007

Caminhos do Sonho


“CAMINHOS DO SONHO” é o tema da última Terça-Feira de Minerva antes de férias, amanhã, dia 17 de Julho, pelas 21h30, na Livraria Minerva (Rua de Macau 52, Bairro Norton de Matos).

Com organização do Instituto de Estudos Clássicos da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra e da Livraria Minerva, a sessão será dividida em duas partes:

Na primeira parte poetas das Edições MinervaCoimbra, e outros, lerão poesia de sua autoria cujo tema é o Sonho.

Na segunda parte haverá leitura de poemas pelo grupo de teatro Thíasos, com colaboração de José Ribeiro Ferreira, homenageando especialmente dois autores: Antero de Quental e Cecília Meireles.

A entrada é livre, convidando-se todos os que tenham poemas dedicados ao Sonho e que não excedam uma página A4 a participar nesta sessão.

As Terças-Feiras de Minerva regressam a 18 de Setembro.

sábado, julho 14, 2007

A Coroa de Góis

Dentre a mansidão orvalhada dos pensamentos ela surgiu, sempre branca, como todas as visões, corpo de luz e olhos de estrelas. Mãos de água acariciaram-me o rosto e diluíram-se, eu tremulamente despia-a e restituía-lhe a carne quente e macia que se cingiu ao meu corpo. Foi quando os sentidos partiram em vagatio pelos seios e colinas da terra, pelos ventres e crateras de vulcões, pelos olhos e águas de oceanos e, no auge, regressaram à matriz, à falha da Mãe, onde num espasmo encheram o futuro.
Acordei de um sonho, confuso, nu e, mal acabara o vestir atabalhoado e mecânico, apareceu a mulher que me vendou e levou por entre mais algumas palavras mudas da minha história. Percebi que entrava novamente na câmara pois reconhecia a música e sentia mais pessoas a movimentarem-se.
“És tu Jorge?
Sou.”
E o braço de Josef colou-se ao meu. Estávamos de novo em frente à Senhora e as palavras soaram:
“Encontrásteis a luz nas trevas e a vida na morte. O fogo iluminou as vossas almas e fizésteis dele o vosso elemento, mas não vos descuideis, como ele dá vida, dá morte também.
Cobrísteis o futuro, eleitos, podereis voltar sempre de sete em sete para encher de novo a matriz no ciclo da imortalidade.”
As palavras calaram-se e fomos afastados alguns metros. Então, tiraram-nos a venda e pude ver a mesma mulher depor, ritualmente, nas mãos de Josef, a pequena lâmpada que emergira do fundo das águas. Distante, etérea, a detentora da palavra dissolvia-se na luz dos seus paramentos.
Josef encostou o tão precioso objecto ao peito e curvou-se em sinal de agradecimento. Depois seguimos atrás da nossa guia pelos túneis de uma lembrança que nunca saberia se me pertencia a mim, ou às palavras que a teceram.
Após alguns minutos, ao fundo, lobrigámos uma luz, a mulher voltou-se, olhou-nos nos olhos e desapareceu no breu. Nós continuámos em frente e logo um Sol impiedoso nos cegou causando uma nauseante sensação de vertigem. Enquanto nos afazíamos ao rosto do dia a boca da noite fechou-se entregando-nos à dúvida que nos toldava a razão.




Ana Filomena Amaral nasceu em Avintes, Vila Nova de Gaia a 4 de Setembro de 1961.
Licenciou-se em História/Arqueologia pela Faculdade de Letras do Porto, em 1984 e, dois anos depois, iniciou a sua carreira no ensino.
Possui o curso de pós-graduação em Ciências Documentais, da Universidade de Coimbra, e uma longa experiência como intérprete e tradutora de várias línguas europeias, mantendo particular contacto com a língua alemã.
A Coroa de Góis é o seu quarto romance e constitui uma homenagem à palavra. Percorrendo o Concelho de Góis e entrando no ventre da Terra, os protagonistas procuram a Lâmpada de Hanuka, objecto de grande simbologia na religião e mitologia judaicas. Essa busca revela a dimensão metafórica de toda a obra conduzida, efectivamente, pela própria palavra, que está sempre no centro de toda a trama. Palavra misteriosa, secreta, proibida mas, por fim, conquistada e liberta.
A arte é a teia que sustém toda a acção, os acontecimentos e as emoções enredam-se nela concretizando-se, em primeira linha, na própria natureza, nas miniaturas, na música, na pintura e na literatura. Sempre o Verbo, do princípio ao fim, expressão suprema da imortalidade.

quinta-feira, julho 12, 2007

Uma Noite de Verão

O Presidente do Conselho de Administração da Fundação Bissaya Barreto
tem o prazer de convidar para assistir a

UMA NOITE DE VERÃO
CASA MUSEU BISSAYA-BARRETO

12 de Julho de 2007 – 21h30


PROGRAMA

- Inauguração da exposição colectiva de pintura de
CARLOS LANÇA, JEAN BAPTISTE GARON, MÁRIO SILVA, MIGUEL BARBOSA, PEDRO OLAYO (FILHO), RUI CUNHA, SANTIAGO RIBEIRO e VASCO BERARDO


- "Dizer os Poetas"
RECITAL DE POESIA POR LUÍS MACHADO
acompanhado ao piano por INÊS RODRIGUES CORREIA


- Bailado pela Academia de Bailado de Coimbra
com ANA FILIPA MATEUS, ALINE SANTOS, CATARINA GOMES, CATARINA LEMOS, INÊS COSTA, JOANA MARTINS, MARIANA VIEIRA e SUSANA NOBRE
Direcção de Gabriela Figo


Fotografias
José Bacelar

Multimedia
Luís Sequeira

Organização
Fundação Bissaya Barreto

Apoio
Santiago Ribeiro e MinervaCoimbra

quarta-feira, julho 11, 2007

Exposição de Pintura de Renato e Zé Lopes


Está patente na Galeria Minerva Coimbra uma Exposição de Pintura de Renato e Zé Lopes.

A mostra pode ser visitada até 9 de Agosto de 2007, de segunda a sexta das 10h00 às 13h00 e das 14h30 às 20h00, aos sábados das 11h00 às 18h00.


José Renato Barreira Dias Ribeiro
Renato nasceu em Lisboa a 16 de Março de 1949.
É pintor e escultor. Estudou desenho e escultura no Atelier dos Escultores Vasco Pereira da Conceição e Maria Barreira. Frequentou até ao 3.º ano o curso de Teatro e Encenação, no Conservatório Nacional de Lisboa. Cursou Arte dos anos 60, 70, 80, do Centro de Arte Moderna (CAM/JAP), Lisboa. É sócio da Sociedade Nacional de Belas-Artes. Fez várias ilustrações para a revista “Noesis” do Ministério da Educação e para a revista “Atlantis” da TAP. É membro fundador do “Grupo de Artes Plásticas de Pontével”.
Está representado em vários lugares públicos e privados do país e em colecções particulares.
Está representado com trabalhos de escultura na discoteca “Hora H”, na Praia da Rocha (Algarve), na discoteca “Vai de Rastos” (Cartaxo), no “Salão Quinta Nova” (Pernes), no bar “Toma Lá Noite” (Aveiras de Cima).
Está representado com trabalhos de pintura no restaurante “Charrette” (Pontével) e na discoteca “Horta 2” (Portimão).
É autor das bandeiras da Sociedade Filarmónica e do Centro de Dia de Pontével. Está representado na colecção da Câmara Municipal do Cartaxo, tendo participado na II Mostra Colectiva do Património Municipal em 1993.
Em 1994, integrado na Eco Cartaxo’94 (na qual colaborou) expõe escultura, pintura, desenho e é autor do painel de fundo.
Em 1996 (a 1 de Junho) participou nas actividades do Dia Mundial da Criança em Constância – organização da Comissão Concelhia de Educação, a convite da Câmara Municipal.
Pertence ao MAC (Movimento Artístico de Coimbra).

Exposições
Participou em mais de 80 Exposições Colectivas em vários locais, como por exemplo, além de outras:
• Casa do Ribatejo (Lisboa) – 1995
• Sociedade Nacional de Belas-Artes (Lisboa) – de 1995 a 1999 e de 2001 a 2006
• Biblioteca Municipal de Constância – 1996
• Galeria Municipal (Sala Pintor José Tagarro), Cartaxo – 1983, 1991 e de 1993 a 1997
• Galeria Municipal Maria Cristina Correia (Gerardo da Maia), Azambuja – 1997
• Antiga Biblioteca Municipal de Constância – 1997
• Fórum Mário Viegas (Salão de Outono 88), Santarém – 1988
• Galeria Minerva, Coimbra – de 2001 a 2006 (Exposições conjuntas com Zé Lopes)
• Casa Municipal da Cultura, Coimbra – MAC 2003, 2004, 2005, 2006
• Biblioteca Municipal de Tomar – 2004, 2005 (conjuntas com Zé Lopes)




Maria José da Conceição Vicente Lopes Dias Ribeiro
Zé Lopes nasceu em Pontével a 2 de Fevereiro de 1949.
É pintora de Arte. Frequentou, em 1967 a Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e o Conservatório Nacional – Curso de Arte de Representar e Encenação, onde concluiu o Curso de Arte de Dizer.
Em 1969, orientada pelo pintor Renato Ribeiro, com quem vem a casar, começa a dedicar-se à pintura. Cursou Arte dos anos 60, 70, 80, do Centro de Arte Moderna (CAM/JAP) – Lisboa. É sócia da Sociedade Nacional de Belas-Artes. Está representada em vários lugares públicos e privados do país e em colecções particulares. É membro do Grupo de Artes Plásticas de Pontével. Está representada na colecção da Câmara Municipal do Cartaxo, tendo participado da II Mostra Colectiva do Património Municipal em 1993.
Em 1994, integrada na Eco Cartaxo’94 (na qual colaborou) expõe pintura, desenho.
A 1 de Junho de 1996, a convite da Câmara Municipal de Constância, participou nas actividades do Dia Mundial da Criança, em Constância – organização da Comissão Concelhia de Educação.
Pertence ao MAC (Movimento Artístico de Coimbra).

Exposições
Participou em cerca de 80 Exposições Colectivas em vários locais, como por exemplo, além de outras:
• Casa do Ribatejo (Lisboa) – 1995
• Biblioteca Municipal de Constância – 1996
• Galeria Municipal (Sala Pintor José Tagarro), Cartaxo – 1983, 1991 e de 1993 a 1997
• Galeria Municipal Maria Cristina Correia (Gerardo da Maia), Azambuja – 1997
• Biblioteca da Junta de Freguesia de Pontével (integrada nas Comemorações dos 800 anos do 1.º Foral – 1994
• Antiga Biblioteca Municipal de Constância – 1997
• Sociedade Nacional de Belas-Artes (Lisboa) – 1999 e de 2001 a 2006
• Galeria Minerva, Coimbra – de 2001 a 2006 (Exposições conjuntas com Renato)
• Casa Municipal da Cultura, Coimbra – MAC 2003, 2004, 2005, 2006
• Biblioteca Municipal de Tomar – 2004, 2005 (conjuntas com Renato)





segunda-feira, julho 09, 2007

sábado, julho 07, 2007

JORNALISMO E ACTOS DA DEMOCRACIA

N.º 10 da Revista Media & Jornalismo

Media & Jornalismo é uma publicação do Centro de Investigação Media & Jornalismo editada pelas Edições MinervaCoimbra. É uma revista científica que tem como objectivo constituir um espaço de debate e divulgação da pesquisa realizada sobre os media e o jornalismo dentro e fora do país.

Direcção: Nelson Traquina, Estrela Serrano e Cristina Ponte
Conselho editorial: Isabel Ferin Cunha, João Pissarra Esteves, Maria João Silveirinha, Mário Mesquita e Rogério Santos





Índice:

Jornalismo e Actos de Democracia. II Seminário Internacional Media, Jornalismo e Democracia
Rita Figueiras, Carla Ganito, Vanda Calado e a Comissão de Síntese do II Seminário Internacional Media, Jornalismo e Democracia

Avanços da Investigação em Comunicação Política
Doris Graber

O Bom, o Mau e o Cínico: Ataques feitos ao Jornalismo Político
Kees Brants

Internet e Democracia: Estado e Sociedade Civil perante os Novos Desafios da Comunicação Política
João Pissarra Esteves

Cobertura Jornalística das Noites Eleitorais
Fermín Galindo Arranz

O Spin em Eventos: Campanha Permanente e Conferências Mediáticas nos Partidos Britânicos
James Stanyer

Apontamentos para uma Discussão sobre as Estratégias do MST para o Agendamento Midiático
Paula Reis Melo


Editorial

Este número é dedicado ao II Seminário Internacional realizado pelo Centro de Investigação Media & Jornalismo em Novembro 2006, sobre o tema “Media, Jornalismo e Democracia”. O Seminário foi inspirado no projecto de investigação do CIMJ, “Jornalismo e actos da democracia”, coordenado pela investigadora Isabel Ferin, que analisou a cobertura jornalística de eleições, congressos partidários, finais de mandato de governos e líderes de opinião. Os resultados desse projecto serão apresentados e desenvolvidos em livro.

Tratando-se de um tema de grande relevância, não apenas no plano da investigação académica mas também no plano político e no plano profissional do jornalismo, o CIMJ convidou um conjunto de investigadores estrangeiros de reconhecida competência nessa área, nomeadamente europeus e norte-americanos, convidando-os a exporem o estado da investigação nos seus países. Este número da revista Media & Jornalismo dá conta dessas experiências.


O número inicia-se com a publicação das conclusões do Seminário onde se sintetizam os tópicos mais relevantes sobre a relação entre os meios de comunicação social e os actos fundamentais da democracia.


O primeiro artigo é da autoria da professora e investigadora Doris Graber, da Universidade Illinois, Estados Unidos. A autora expõe os novos caminhos que se abrem à investigação da comunicação política, em especial, as linhas de investigação em desenvolvimento nos EUA, abrangendo os “blogs”, o papel da emoção na aprendizagem da política, as chamadas “soft news” e o papel da comunicação política em séries televisivas de entretenimento, como os CSI ou “The Simpsons”. Questionando os limites do paradigma dominante, a autora defende que entretenimento e informação não são antitéticos, realça o uso das emoções como sendo susceptível de facilitar a apreensão da política e nota que os blogs podem ser ferramentas úteis à democracia. O papel das séries televisivas, como comédias e dramas, constitui, para a autora, outro elemento a merecer atenção na discussão da relação dos meios de comunicação com a política.


Por seu turno, o investigador holandês Kees Brants questiona a americanização da comunicação política na Europa e o paradigma dominante na investigação dessa área. Em sua opinião, o chamado “cinismo”dos jornalistas é um conceito ambíguo, não estando provado que corresponda a uma atitude estrutural anti-política entre os jornalistas na Europa.


João Pissarra Esteves, da Universidade Nova de Lisboa, debruça-se sobre a relação entre a Internet e a democracia, em especial, o papel das novas tecnologias de comunicação e informação nas democracias dos nossos dias. Sublinhando a utilidade da Internet na produção da informação, o autor interroga-se sobre as formas de comunicação derivadas das novas tecnologias, as condições da sua utilização e como poderão elas constituir-se como um bem para a democracia.


Fermim Galindo, da Universidade de Santiago de Compostela, analisa a cobertura televisiva das noites eleitorais em Espanha, com especial enfoque na comparação entre os resultados das sondagens e os resultados eleitorais. Para o autor, os erros na apresentação dos dados devem-se a leituras apressadas das sondagens, apresentadas como conclusões definitivas em vez de indicadoras de tendências.


James Stanyer, da Universidade de Loughborough, Reino Unido, aborda a evolução dos congressos partidários no seu país, concluindo que eles se tornaram nos últimos tempos mais espaços de consenso que de conflito, conduzidos e orquestrados por especialistas de comunicação. Segundo o autor, o potencial de publicidade das conferências partidárias dos principais partidos britânicos é explorado em profundidade, tendo definitivamente sido ultrapassada a era em que as conferências serviam para produzir decisões políticas.


A encerrar este número da revista, o artigo da investigadora brasileira Paula Reis Melo analisa as estratégias de agendamento de um movimento social que centra as suas reivindicações na reforma agrária no Brasil. A autora enquadra o estudo na perspectiva da interacção desse movimento social com o campo jornalístico, em que o primeiro pretende não ser apenas notícia mas agir sobre o enquadramento das notícias. Trata-se, para a autora, de uma relação de conflito, ruptura e desvio.


A Direcção

quarta-feira, julho 04, 2007

Sol, Farmácia e Publicidade


João Rui Pita foi o convidado de mais uma sessão das Terças-Feiras de Minerva dedicadas ao Sol, com o tema “Sol, Farmácia e Publicidade. Um pequeno trajecto pelo século XX”. A intervenção enquadrou-se num trabalho que João Rui Pita tem vindo a realizar sobre matéria histórico-farmacêutica, nomeadamente na área da publicidade promovida pela indústria, procurando assim caracterizar a evolução da sociedade, bem como dos produtos e sua divulgação, e do próprio conceito de beleza dos produtos cosméticos.

Entre as justificações históricas para a utilização de cosméticos contam-se razões tão variadas como as pinturas rituais mágicas das civilizações primitivas ou os agentes modernos de bem estar e o estatuto social.

Recordando o conceito da Organização Mundial de Saúde que refere que “saúde é não só ausência de doença ou enfermidade, mas um estado de completo bem estar físico, psíquico, mental e emocional”, João Rui Pita salientou a importância da imagem na auto-estima. Assim sendo, a cosmética pode ser uma forma de comunicação, além, claro, de uma moda.



A preocupação com a tonalidade da pele vem desde os egípcios, povo que já desenvolvia produtos para protecção do Sol. Também na Grécia e Roma antigas se dava muita importância aos cosméticos e na Idade Média surgiram mesmo algumas receitas para limpar a pele. Foram no entanto decisivas para o progresso da cosmética moderna as inovações científicas e tecnológicas, bem como o desenvolvimento industrial e as suas consequentes alterações sociais.

Mas até inícios do século XX, o conceito de beleza era de pele clara, modificando-se para pele bronzeada quando as férias de Verão se tornaram realidade para todas as classes trabalhadoras. A pele bronzeada passou então a ser um símbolo de vida moderna e próspera e nos finais dos anos 20 surgiram os primeiros bronzeadores e protectores solares.

A próxima sessão das Terças-Feiras de Minerva realiza-se a 17 Julho com Poesia dedicada ao sonho encenada pelo grupo Thíasos do Instituto de Estudos Clássicos da Universidade de Coimbra.