sexta-feira, dezembro 15, 2006

CIGANOS HISTÓRIAS DE VIDA de MANUEL ABRANTES COSTA. 1.º Prémio de Jornalismo pela Tolerância, na área de Estudo Académico, em 2003, promovido pela Presidência do Conselho de Ministros, na pessoa do Alto Comissariado para a Imigração e Minorias Étnicas. [Marco na investigação sobre os ciganos em Portugal]



Ciganos – Histórias de Vida” é o título do livro de Manuel Abrantes Costa recentemente editado pelas Edições MinervaCoimbra e cuja apresentação esteve a cargo de Margarida Pedroso de Lima, professora da Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade de Coimbra.

O livro nasceu de um desafio feito pela editora, Isabel de Carvalho Garcia, ao autor para que aceitasse publicar a sua tese de doutoramento na sequência de uma palestra efectuada no âmbito das Terças-Feiras de Minerva. “Eu achei que a perspectiva que ele nos dava sobre os ciganos, sobre a sua perspectiva, as suas formas de vida, a sua cultura, a sua tradição, tinha algo de diferente daquilo que estamos habituados a ouvir”. O livro agora publicado, afirmou ainda, “é uma descoberta”.

Segundo Margarida Pedroso de Lima, o trabalho “é um marco ao nível da investigação sobre os ciganos em Portugal”, já que “de maneira geral, pouco se sabe sobre a sua cultura, a sua origem, a sua história e a razão de serem como são, a razão da sua unidade de grupo, a sua língua, a razão da sua presença em Portugal. São questões ainda em aberto”.

A obra, afirmou ainda, “chama a atenção para as nossas práticas de segregação em relação aos outros”. Hoje, os ciganos que vivem entre nós, “perderam uma certa identidade de tribo, uma certa identidade social de pertença”, o que lhes pode provocar “uma enorme solidão”.

O objectivo deste livro agora publicado é precisamente “olhar de perto a cultura cigana em Portugal, as suas características, os seus problemas, os seus aspectos distintivos e fazer um balanço do que emerge quando pessoas de diferentes culturas se encontram”.

Segundo Manuel Abrantes Costa, o livro tem duas partes distintas, uma teórica de enquadramento e outra parte histórica sobre os ciganos, “o que eles pensam deles próprios e o que pensam de nós”. E da sua investigação, o autor conclui simplesmente que “são cidadãos portugueses, com defeitos e com virtudes. Mas têm uma coisa que os diferencia e que é o facto de ao longo dos anos terem sido obrigados a sobreviver. E ainda hoje utilizam mecanismos de defesa para isso”. Uma sociedade só se desenvolve pela edução e pela formação e, segundo Manuel Abrantes Costa, “essa é única possibilidade de os ciganos saírem da miséria em que vivem e em que cada vez se estão a enterrar mais”.

“Ciganos – Histórias de Vida” recebeu o 1.º Prémio de Jornalismo pela Tolerância, na área de Estudo Académico, em 2003, promovido pela Presidência do Conselho de Ministros, na pessoa do Alto Comissariado para a Imigração e Minorias Étnicas.

Manuel Abrantes Costa é professor do 1.º Ciclo do Ensino Básico, licenciado e mestre em Ciências da Educação, doutor em Antropologia Social e Cultural pela Universidade de Coimbra e é director executivo do Centro de Estudos Ciganos.

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