sábado, novembro 25, 2006

Algumas coisas com importância


As Edições MinervaCoimbra apresentaram o livro de poesia de Manuel dos Santos, “Algumas coisas com importância”. A sessão, que decorreu no anfiteatro da Escola Superior Agrária de Coimbra, contou com a presença de Alfredo Maia, presidente do Sindicato dos Jornalistas, que apresentou a obra.





“Este «Algumas coisas com importância»”, afirmou o apresentador, “interpela-nos acerca do modo como cada um de nós rege os seus dias nessa marcha do tempo – incessante, complexa, armadilhada com contradições, animada por avanços e conquistas e angustiada por retrocessos”.

Manuel dos Santos faz do seu livro “um manifesto de exortação e de resistência”, levando os leitores ao “questionamento” e ao “combate, aqui e ali polvilhado com estrofes de esperança e de amizade”, sempre “animado pela convicção de que cada um de nós tem o dever irrenunciável de sonhar, de propor, de agir, de resistir”.




A escrita de Manuel dos Santos sugere, ainda segundo Alfredo Maia, uma “rotura deliberada com certos modos de pensar e de fazer poesia”, na qual o poeta mergulha, lançando mão de metáforas e repudiando “a inutilidade ofensiva da palavra que não germina, que não produz, que não transforma, mas que ludibria, que atraiçoa”.



Manuel Ferreira dos Santos nasceu em Coimbra em 1950 e reside em Eira Pedrinha, Condeixa-a-Nova. Possui o curso de Regente Agrícola pela Escola Agrícola de Coimbra e a licenciatura em Biologia pela Universidade de Coimbra. Foi técnico do Ministério da Agricultura até 1989 e, desde então, tem sido responsável pelo Instituto da Conservação da Natureza na região Centro.

“Algumas coisas com importância” é o seu primeiro livro.

quinta-feira, novembro 23, 2006

Reabilitação urbana da Baixa foi tema em Terça-Feira de Minerva


A Livraria Minerva, em conjunto com o Rotary Club de Coimbra Santa Clara, promoveram mais uma sessão do Ciclo “Coimbra – Uma candidatura a Património mundial”, integrada nas Terças-Feiras de Minerva. Desta vez a sessão contou com a presença de João Rebelo (Vice-Presidente da Câmara Municipal de Coimbra), de João Paulo Craveiro (Presidente da Sociedade de Reabilitação Urbana Coimbra Viva) e de Rui Mealha, arquitecto responsável pela solução urbanística da 1ª unidade de intervenção de recuperação da Baixa de Coimbra. O tema foi precisamente a Sociedade de Reabilitação Urbana Coimbra Viva (SRU) que tem como área de intervenção definida todo o centro histórico.




No entanto, como salientou João Rebelo, dentro daquele espaço a câmara definiu como prioridade a Baixa. “Em primeiro lugar porque é a zona que está mais degradada e porque é a área onde é mais importante a renovação e colocação de pessoas”, afirmou.

Num documento elaborado pela autarquia foram identificadas ainda 8 subzonas prioritárias das quais a primeira é a que corresponde à área de atravessamento do futuro eléctrico rápido de superfície. “Sendo algo que estava assumido pelo Governo, que estava posto a concurso e de que desde há 20 anos se falava na cidade, deixou de haver naquela área investimento na manutenção e conservação do edificado”, referiu ainda João Rebelo. Trata-se pois de uma zona que “está em profunda degradação e ruína”, sendo necessário, “por razões de segurança, demolir devido ao risco evidente”.




João Paulo Craveiro recordou o posicionamento estratégico da Baixa na dinâmica da cidade e revelou que a área a ser intervencionada tem cerca de 14 hectares e uma população de 1.300 habitantes.

O Presidente da SRU salientou a necessidade da “criação de condições de atractividade de acordo com padrões de modernidade e conforto”, referindo que a reconstrução dos edifícios “deverá preservar a forma arquitectónica, mantendo o exterior das edificações e renovando o interior”. Deverá ainda ser dada atenção especial ao estacionamento para residentes. A manutenção e incremento de actividades económicas estratégicas é outra das preocupações.
“Temos que ter projectos de altíssima qualidade e, por outro lado, temos que conseguir que a intervenção se faça sem vir a originar custos de manutenção de tal ordem que o projecto não tenha sustentabilidade económica”, referiu ainda João Paulo Craveiro.




“Coimbra, como cidade histórica que é, não pode continuar a dar-se ao luxo que ter o centro histórico e a baixa, nomeadamente, naquele estado. Temos que ter condições para atrair novos moradores que gostem de lá viver e para tal teremos que garantir funções e actividades âncora. Garantir vida intensa quer durante o dia, com as lojas abertas, quer durante o fim da tarde e noite”, revelou.

A 1.ª unidade de intervenção engloba a passagem na baixinha do eléctrico rápido de superfície, enquanto a 2.ª unidade englobará o Terreiro da Erva e toda a área envolvente entre a rua da Moeda e a rua da Sofia, a rua Direita e a rua João de Ruão.




A finalizar, o arquitecto Rui Mealha falou aos presentes sobre as soluções urbanísticas a adoptar para a 1.ª unidade de intervenção, seguindo-se um aceso debate com várias perguntas por parte da assistência.

Terças-Feiras de Minerva no Público e Jornal de Notícias

Concurso para parceiro privado da SRU Coimbra Viva até final do ano

O presidente da Sociedade de Reabilitação Urbana (SRU) Coimbra Viva adiantou, na noite de anteontem, que o concurso público para a escolha do parceiro privado para as obras a realizar na primeira unidade de intervenção, a zona da Baixinha que, no futuro, será atravessada pelo metropolitano ligeiro de superfície, será lançado até ao final do ano.
Numa sessão promovida pelo Rotary Club de Coimbra na Livraria Minerva, João Paulo Craveiro sublinhou que o objectivo é que a escolha do parceiro privado e o início dos contactos com os proprietários dos edifícios da zona em causa decorram de forma paralela. Isto de maneira a que o primeiro já possa participar nas negociações com os particulares que não queiram assumir as obras de requalificação dos respectivos prédios.
Depois do contacto em que são convidados a realizar as obras, os particulares têm um prazo de 60 dias para responder. Se não o fizerem ou se rejeitarem a realização de obras, poderão vender os prédios à SRU ou ao parceiro privado; caso não cheguem a acordo, a SRU procederá à expropriação dos edifícios, de maneira a que as obras de requalificação naquela zona decorram, como previsto, nos decorrer dos três anos seguintes.
No caso da primeira unidade de intervenção, estão em causa 80 prédios, 20 dos quais pertencem à sociedade Metro Mondego e cerca de 12 à câmara municipal. A segunda unidade, que será oficialmente definida até ao fim do ano, irá abranger uma zona "vizinha", a envolvente ao Terreiro da Erva, com limites na Rua da Sofia, Rua Nova e Rua de João de Ruão. No encontro, João Paulo Craveiro disse pensar que, no decorrer dos primeiros dois meses de 2007, possa ser lançado o concurso público para a escolha da equipa que vai elaborar o documento estratégico desta segunda unidade.

G.B.R.
Público


SRU lança concurso até final do ano

A Coimbra Viva S.A. - Sociedade de Reabilitação Urbana (SRU) vai lançar, até final do ano, o concurso público para a escolha da empresa, ou consórcio, que irá reabilitar casas da Baixa da cidade cujos proprietários não queiram fazer obras.
O concurso diz respeito à primeira unidade de intervenção da SRU, que inclui os quarteirões que ficam entre a Rua da Moeda e a Rua João Cabreira; entre a João Cabreira e a Rua da Direita; e entre a Direita, a Rua Nova e a Praça 8 de Maio.
Além dos imóveis cujos donos estão indisponíveis para fazer obras, a empresa ou consórcio que vencer o referido concurso também poderá recuperar as outras casas (fazendo as obras e o respectivo projecto de arquitectura), se os seus proprietários assim preferirem.
A SRU, sociedade anónima cujo capital pertence à Câmara de Coimbra (49%) e ao Estado, através do Instituto Nacional de Habitação (51%), também está a preparar a abertura do concurso para a escolha da empresa que elaborará o documento estratégico para a segunda unidade de intervenção (do Terreiro da Erva à Rua João de Ruão). Basicamente, esse documento definirá as linhas gerais da reabilitação urbana.

NM

JN

quarta-feira, novembro 22, 2006

Recomendamos uma visita a

http://www.sigiloprofissional.com

Caso República em livro




A CONFIGURAÇÃO DOS ACONTECIMENTOS E DOS PROBLEMAS PÚBLICOS
O CASO REPÚBLICA E AS MANIFESTAÇÕES NOS AÇORES EM 1975
Isabel Babo Lança


Se o acontecimento constituía já um objecto de estudo preferencial da historiografia e da sociologia da comunicação, desde a década de 90 passou a constituir também objecto de análise sociológica. No contexto de uma sociologia inspirada na etnometodologia, na fenomenologia, na narratologia, na hermenêutica e na filosofia analítica, o acontecimento passou a ser considerado não tanto como objecto de análises semióticas ou factuais, mas enquanto fenómeno susceptível de conduzir a uma reelaboração da própria concepção do social.

Na convicção de que é em função dos fins práticos da acção colectiva no espaço público e na perspectiva da organização da experiência pública que os actores sociais explicam e interpretam o que se passa em termos de acontecimentos e/ou de problemas prováveis e de acções imputáveis, examinam-se, na presente obra, as diferentes maneiras de descrever um acontecimento, de o designar e caracterizar, de tematizá-lo e de o transformar em problema público. Pretende-se mostrar que a configuração e construção do sentido dos acontecimentos depende de realizações práticas, ao nível da sua produção e da sua recepção, e que as descrições, as categorizações e as narrativas intervêm na construção social e pública daquilo de que elas próprias dão conta.

Os dois acontecimentos em análise ocorreram em Portugal no período revolucionário de 1975, sendo eles o caso República e as manifestações separatistas nos Açores. Não é em termos de uma causalidade histórica que estes dois acontecimentos particulares, tomados como objecto de análise, são abordados, ensaiando-se antes apreender por meio de que operações foram identificados e dotados de sentido. Trata-se de uma abordagem sociológica particular, que produz uma inteligibilidade dos acontecimentos diferente da perspectiva que visa uma explicação causal, na medida em que não perde de vista o facto de o caso República e as manifestações nos Açores terem acontecido a pessoas que suportaram esses acontecimentos, os sofreram, foram afectadas por eles, deles se apropriaram, responderam-lhes e reagiram em função das significações que lhes atribuíram e que aplicaram à sua experiência pública.

Isto é, sendo factual, um acontecimento é também relativo a um ponto de vista e aos recursos semânticos e simbólicos escolhidos para o descrever. Pode transformar-se num problema público, fixar sobre si a atenção colectiva e desencadear uma acção pública. A sua configuração pode ser revista e o acontecimento adquirir uma inteligibilidade retrospectiva e uma nova significação.


Nascida no Porto, onde reside, Isabel Babo-Lança é Professora Associada na Universidade Lusíada. Doutorada em Sociologia pela École des Hautes Études en Sciences Sociales de Paris, foi bolseira da Fundação para a Ciência e a Tecnologia, programa PRAXIS XXI.
É membro da Unidade de Investigação CEPESE – Centro de Estudos da População, Economia e Sociedade, da Universidade do Porto, e integra a Comissão Científica da Revista População e Sociedade (CEPESE / Edições Afrontamento).
Leccionou na Escola Superior de Jornalismo do Porto e no Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa (ISCTE).
Tem colaborado em diversas publicações científicas da especialidade, de que se destacam a coordenação da obra “Estudos e ensaios em homenagem a Eurico Figueiredo”, Cepese / Edições Afrontamento (2005), a colaboração, com o artigo “Confiança e Democracia”, na obra “Desafios da democratização no mundo global” (M. Raquel Freire [org.], Edições Afrontamento / Cepese, 2004) e a participação, com a redacção de entradas, no Dicionário de Sociologia (Porto Editora, 2002) e no Dicionário de Relações Internacionais (Fernando de Sousa [dir.], Edições Afrontamento, 2005).
Interessada pelo estudo do acontecimento e dos problemas públicos assim como pela temática da ética e da responsabilidade social, tem intervindo regularmente em colóquios e conferências da sua área de especialidade e tem publicado, neste âmbito, em revistas como a Trajectos / ISCTE, Psiconomia / Universidade Lusíada e Antropológicas / Universidade Fernando Pessoa.

Terças-Feiras de Minerva no Diário de Coimbra

Concurso da 2.ª Unidade lançado no início de 2007
Com 1.ª Unidade de Intervenção a avançar, a SRU prepara-se para lançar já no início de 2007 o concurso para a segunda etapa da reabilitação da Baixa

A Sociedade de Reabilitação Urbana (SRU) irá lançar no início de 2007 o concurso público da 2.ª Unidade de Intervenção da Baixa de Coimbra que englobará o Terreiro da Erva e toda a área envolvente, estando até ao final deste ano a preparar todos os documentos para a sua realização, informou ao Diário de Coimbra João Paulo Craveiro.
O presidente da SRU participava ontem com João Rebelo, vice-presidente da Câmara de Coimbra, e Rui Mealha, arquitecto responsável pela solução urbanística da 1.ª Unidade de Intervenção, num debate promovido pelo Rotary Club de Coimbra Santa Clara, na Livraria Minerva e confessou que um dos principais projectos para esta segunda etapa da reabilitação da Baixa é a reformulação do actual da Pavilhão da Palmeira, de modo a transformá-lo numa das principais áreas de lazer e convívio daquela zona da cidade.
Manter-se-á o campo de jogos, mas todas as outras áreas serão remodeladas, de modo a poderem ser usufruídas por toda a cidade, adiantou João Paulo Craveiro, considerando esta intervenção «fundamental» uma vez que o mítico pavilhão, único espaço desportivo instalado na Baixa, «não tem quaisquer condições de segurança para actividades desportivas». «Este é um espaço que não se pode perder», continuou.
Este espaço desportivo é apenas uma das peças do “puzzle” da 2.ª Unidade de Intervenção defina pela SRU para a Baixa de Coimbra e que englobará o Terreiro da Erva e toda a área envolvente entre a Rua da Moeda e a Rua da Sofia, a Rua Direita e a Rua João de Ruão.
Embora ainda não criado o Plano Estratégico desta unidade - ele será “desenhado” pelo consórcio que vencerá o concurso que a SRU lançará no início de 2007 - João Paulo Craveiro acredita que em relação nesta unidade «haverá maiores preocupações arqueológicas» do que na primeira, assim como que a intervenção será «de reabilitação pura», como muito menos «deitar a baixo».
Tal como acontece com a unidade que inclui o futuro corredor do metro, também aqui a SRU irá tentar encontrar «uma ideia de vivência», um «carácter próprio» que defina aquela área. O presidente da SRU acredita que a antiga fábrica de cerâmica a funcionar naquele local poderá protagonizar este papel, uma vez que se trata «de um museu vivo» e de um «elemento de valorização, não só do Terreiro da Erva, como também de toda a Baixa».
Em relação à primeira Unidade de Intervenção, estará para breve o lançamento do concurso com vista à escolha do parceiro privado que fará as negociações e financiará com os proprietários dos prédios que não querem realizar as obras. No que respeita aos que aceitarem participar neste projecto, a SRU para além de ir criar parcerias com bancos para que financiem as obras a taxas mais favoráveis e com fornecedores para que vendam equipamentos a custos mais reduzidos, a sociedade assinou um acordo com o Instituto Tecnológico de Construção para que os proprietários tenham «apoio técnico especializado».

Ana Margalho
Diário de Coimbra, 22 de Novembro de 2006

terça-feira, novembro 21, 2006

O jornalismo e a História

Este número de Media & Jornalismo é especialmente dedicado à História da Imprensa. Trata-se de uma área de saber que tem sido pouca valorizada, tanto na investigação histórica, como nas diversas abordagens que os estudos de Comunicação têm vindo a privilegiar. Ainda assim, mais recentemente diversos estudos ao nível de Pós-graduações, Mestrados e Doutoramentos têm contribuído para um conhecimento mais detalhado dos jornais, dos jornalistas, das leis da Imprensa e do jornalismo do século XIX e XX.

Nesse sentido, Ana Cabrera, Doutorada em História Política e Institucional Contemporânea, organizou este número, justamente com o duplo objectivo de dar a conhecer, valorizar e estimular a investigação na área da história dos media e do jornalismo.

Constituem também objectivos deste número, fornecer uma visão diacrónica de estudos sobre a imprensa, – daí aparecerem assuntos relacionados uns com o século XIX e outros com o século XX; alargar o conhecimento sobre o regime censório do Estado Novo; e problematizar as condições e contribuições dos jornalistas num período de viragem na política portuguesa.

Apresenta-se, assim, uma diversidade de assuntos e de abordagens, no sentido de sublinhar que o estudo do passado apoia o conhecimento do presente, que nenhuma interpretação é definitiva, que a História contempla e integra a diversidade das interpretações, recorrendo a diversas fontes e metodologias.

Em “Os jornalistas no marcelismo – dinâmicas sociais e reivindicativas”, Ana Cabrera analisa as alterações na profissão que se avolumaram nos finais dos anos sessenta. Através do uso de bases de dados e de metodologias quantitativas, de entrevistas, cruzadas com interpretação de diversos documentos, a autora apresenta a evolução da classe ao longo de catorze anos (1960-74) assinalando a forma como o aumento da demanda de mão-de-obra conduziu ao rejuvenescimento das redacções, à aplicação de novos métodos de trabalho e a muita inovação nos jornais. Demonstra ainda como uma nova geração mais habilitada, com frequência universitária e experiência nos Movimentos Associativos da década de sessenta, forçou uma viragem no processo reivindicativo dos jornalistas, bem como na organização sindical.

No artigo “Anos 60: um período de viragem no jornalismo português” Carla Baptista e Fernando Correia apresentam alguns resultados de uma investigação, intitulada “Memórias do Jornalismo”, que consistiu na recolha e tratamento de testemunhos orais de profissionais
– jornalistas e tipógrafos. Os contributos das entrevistas são analisados em função dos percursos profissionais e do contexto histórico em que ocorreram. Os autores descrevem processos de trabalho, a hierarquia na redacção, as relações profissionais e as restrições que a censura impunha aos jornais e à actividade dos jornalistas, identificando os anos sessenta como um período de viragem no jornalismo português em virtude do rejuvenescimento dos quadros e consequentes mudanças na liderança das redacções.

Em “Revistas políticas no Estado Novo: uma primeira aproximação histórica ao problema”, Álvaro Matos parte de uma selecção de seis revistas publicadas durante o Estado Novo. Num primeiro grupo as revistas são claramente políticas como é o caso do “Integralismo Lusitano”, “Tempo Presente” e o “Tempo e o Modo”; num segundo conjunto a selecção recaiu em revistas literárias e económicas, que naturalmente não deixam de ser políticas, como é o caso de “O Ocidente” a “Vértice” e a “Revista de Economia”. Cada revista é apresentada segundo as linhas ideológicas, os conteúdos e os seus colaboradores. O autor conclui que apesar do regime censório, o Estado Novo não era um regime monolítico e permitia mesmo, quer à direita, quer à esquerda a existência de publicações cujos conteúdos eram críticos, salvaguardando, embora, a discrição e a subtileza das criticas, bem como não inclusão de autores proibidos.

Joaquim Cardoso Gomes no artigo “Álvaro Salvação Barreto: oficial e censor do salazarismo”, é uma biografia do Tenente-Coronel de artilharia que foi responsável pela edificação da máquina da censura em Portugal. A acção deste militar faz-se sentir entre o 1928 até 1944. O texto apresenta as diversas etapas do estabelecimento da censura, quer ao nível da máquina organizacional, quer ao nível do seu pessoal político que era, até ao fim da 2ª Guerra Mundial, exclusivamente militar. Apresenta ainda os esforços levados a cabo por Salvação Barreto no sentido de manter a autonomia da censura face ao Secretariado para a Propaganda Nacional (SPN) situação que não viu consignada uma vez que em 1944 a propaganda e a censura ficam subordinadas a Salazar o que ditou o afastamento de Salvação Barreto e o seu ingresso na liderança da Câmara Municipal de Lisboa.

Rogério Santos em “O jornalismo na transição do século XIX para o XX. O caso do diário Novidades (1885-1913)”, apresenta a primeira série deste periódico segundo três eixos de análise: linha ideológica; secções e géneros jornalísticos os jornalistas e a sua actividade profissional. Numa época em que os jornais mantêm uma forte ligação a correntes de opinião o Novidades assumia-se como defensor do regime monárquico e dos valores da igreja católica e como opositor frontal ao ideário republicano. Ainda assim este jornalismo de opinião de feição muito próxima da literatura reunia colaboradores de peso como Emídio Navarro, Ramalho Ortigão, Oliveira Martins e Eça de Queirós.

Esta secção do número 9 dedicada à História da Imprensa, fecha com uma entrevista a Peter M. Herford conduzida por Eduardo Cintra Torres, investigador e crítico de televisão. A sua leitura oferece um enorme manancial de informação não só sobre o seu percurso profissional que contempla mais de 30 anos, como também acerca da cobertura de acontecimentos que mudaram a televisão americana como foi o caso do assassínio do Presidente Kennedy. A propósito deste acontecimento a CBS manteve, pela primeira vez na história das transmissões televisivas, um acontecimento no ar durante quatro dias, com vários directos, apesar das restrições tecnológicas que se colocavam nos anos sessenta.

Fora do tema deste número apresenta-se um estudo de Hermenegildo Borges sobre a “Publicidade erótica e a sua problemática regulação”. Neste trabalho o autor analisa o enquadramento jurídico do assunto e problematiza se deve ou não existir uma maior regulamentação sobre estas matérias, disponibilizando argumentos a favor e contra e propondo uma hipótese de resposta.

segunda-feira, novembro 20, 2006

Nitheroy, Revista Brasiliense



As Edições MinervaCoimbra acabam de editar em CD-ROM uma Edição Facsimilada do Tomo Primeiro n.ºs 1 e 2 de "NITHEROY, Revista Brasiliense. Sciencias, Lettras e Artes", acompanhada por uma edição de Estudos Críticos, com orientação de Ana Beatriz Demarcho Barel sob a coordenação de Maria Aparecida Ribeiro.


"Apesar da sempre citada importância que teve para a afirmação de uma literatura nacional e do Romantismo brasileiro, a NITHEROY, Revista Brasiliense mereceu apenas, até aos dias que correm, uma única reedição: a fac-similar, hoje inteiramente esgotaa, que a Academia Paulista de Letras deu à estampa, em 1978.

Comemorando os 170 anos de tão importante publicação, a Prof. Doutora Ana Beatriz Demarchi Barel, pesquisadora junto às Universidades de Paris III e Toulouse II, que já estudara a NITHEROY em sua tese de doutoramento, decidiu reeditá-la. Numa feliz coincidência, o Instituto de Estudos Brasileiros da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra incluíra actividade semelhante em sua programação.

Com o apoio da MinervaCoimbra surge, assim, mais uma vez fora do Brasil, a revista cujo título valorizava o tupi, raiz mais profunda de um país que se tornara há pouco independente, ao mesmo tempo que, no subtítulo, procurava afirmar a nação que se tentava construir. Vem mais uma vez sob a forma de edição fac-similar, mas, agora, em CD-ROM, a partir do microfilme qe é propriedade da Bibliothèque Sainte-Geneviève (...). Além disso, na presente edição, pela primeira vez, incluem-se textos críticos"

in Apresentação
Maria Aparecida Ribeiro



ÍNDICE
. Apresentação : Maria Aparecida Ribeiro
. Formas de Sobreviver em 1836 : Ernesto Rodrigues
. Gonçalves de Magalhães e a Revista NITHEROY : Regina Zilberman
. Revista NITHEROY (1836): relações político-culturais entre Brasil e França no século XIX : Ana Beatriz Demarchi Barel
. Razões do Elogio Mútuo: relações entre brasil e França nas páginas da NITHEROY : Maria Aparecida Ribeiro
. "Philosophia da religião: sua relação com a moral e sua missão social": Les avatars de la réflexion philosophico-politique du romantisme français : Jean-Claude Laborie
. A produção açucareira nas páginas da NITHEROY : Carlos de Almeida Prado Bacellar e Rafael de Bivar Marquese
. Notas de viagem de um brasileiro enre o Inferno e o Paraíso ("Contornos de Nápoles") : Manuel Ferro
. Primórdios do Nacionalismo musical : Maria de Fátima Dias Duarte

Lena Gal na Galeria Minerva


A Galeria Minerva tem patente até 5 de Dezembro
uma exposição de Pintura de Lena Gal,
de segunda a sábado, das 10 às 13 e das 14.30 às 20 horas.











sábado, novembro 18, 2006

Lançamento MinervaCoimbra



Manuel Ferreira dos Santos
Nasceu em Coimbra em 1950 e reside em Eira Pedrinha (Condeixa-a-Nova).
Tem o curso de Regente Agrícola pela Escola Agrícola de Coimbra e a licenciatura em Biologia pela Universidade de Coimbra.
Foi técnico do Ministério da Agricultura até 1989; desde então tem sido responsável pelo Instituto da Conservação da Natureza na Região Centro (Delegação de Coimbra).
É funcionário público até que Deus queira…



sexta-feira, novembro 17, 2006

Reabilitação Urbana em Coimbra no Ciclo “Coimbra – Uma candidatura a Património mundial”

A Livraria Minerva, em conjunto com o Rotary Club de Coimbra Santa Clara, promovem mais uma sessão do Ciclo “Coimbra – Uma candidatura a Património mundial”, integrada nas Terças-Feiras de Minerva.

Assim, no próximo dia 21 de Novembro, pelas 18h30, terá lugar uma sessão com a presença do Eng. João Nogueira Gomes Rebelo (Vice-Presidente da Câmara), que falará sobre “Reabilitação Urbana em Coimbra”, do Eng. João Paulo da Silva Craveiro (Presidente da Sociedade de Reabilitação Urbana Coimbra Viva), que falará sobre “Sociedade de Reabilitação Urbana”, e do Arquitecto Rui Mealha, responsável pela solução urbanística da 1ª unidade de Intervenção de recuperação da baixa de Coimbra, sobre a qual falará.

A sessão decorre na Livraria Minerva, 52 (Bairro Norton de Matos), em Coimbra.

A entrada é livre.

segunda-feira, novembro 06, 2006

Homenagem a Léopold Senghor

Assinalando os 100 anos do nascimento de Léopold Senghor, comemorados a 7 de Outubro, a Livraria Minerva promove uma sessão das Terças-Feiras de Minerva dedicada ao poeta, intelectual e político senegalês Léopold Senghor, que através do seu conceito de "Negritude" gerou um movimento integrador da sociedade e cultura africanas em todo o mundo.

Participam Maria Helena da Rocha Pereira, “Palavrar sobre Senghor e os autores clássicos”, Ofélia Paiva Monteiro, “Senghor e os outros escritores da francofonia” e José Ribeiro Ferreira, que fará a leitura da "Elegia da Saudade", em tradução de José Augusto Seabra.

A sessão decorrerá no próximo dia 14 de Novembro, pelas 18h30, na Livraria Minerva, Rua de Macau 52, ao Bairro Norton de Matos, em Coimbra.

Recorde-se que as Edições MinervaCoimbra incluem, na sua Colecção Poesia Minerva, o livro A NEGRITUDE E A SAUDADE, Homenagem a Léopold Sédar Senghor, Onze poemas traduzidos e prefaciados por José Augusto Seabra.


“Pudemos testemunhar o fervor ardente que Léopold Sédar Senghor pôs na sua paixão por Portugal (…). “Saudades das minhas Saudades” – dizia ele – multiplicadas ao infinito, como o poema que um dia tinha escrito, na primeira visita a Portugal. Saudade do passado e Saudade do futuro, tais como as visionaram Pascoaes ou Pessoa e as cantou este grande poeta negro-africano, irmão pelo sangue e pelo nome dos poetas portugueses e do povo de Portugal, bem como de todos os povos de língua portuguesa”.

domingo, novembro 05, 2006

Pintura de Lena Gal na Galeria Minerva


A Galeria Minerva inaugura na próxima quinta-feira, dia 9 de Novembro, pelas 18h30, uma exposição de Pintura de Lena Gal.

A mostra estará patente até ao próximo dia 5 de Dezembro, de segunda a sábado, das 10 às 13 e das 14.30 às 20 horas.


Lena Gal nasceu em S. Miguel, Açores e participou em numerosas actividades pedagógicas das quais salienta a animação em expressão plástica em escolas do ensino básico e ateliers de tempo livre.
Foi monitora no programa “Artes e Ofícios”, no Projecto Sócio-Educativo do Departamento de Educação da Câmara Municipal de Lisboa. Foi convidada para apoiar acções pedagógicas sobre a Arte, no Liceu Durfee, na Bishop Conrelly High School, na University of South Carolina, Spartanburg, e na Tauton High Scholl, ambas nos EUA.
Tem já no seu currículo várias exposições individuais e colectivas, quer em Portugal quer no estrangeiro.


EXPOSIÇÕES INDIVIDUAIS (Selecção)
University de UMASS, Dortmouth, EUA
Arts Center Gallery, University Spartanburg, South Carolina, EUA
Arcade Gallery, Massachussetts, EUA
Providence, Massachussetts, EUA
Artworks Galley, Massachussetts, EUA
Galeria 65A, Lisboa
Galeria Pirâmide, Lisboa
Galeria Mouraria, Funchal
Da Terra Perfumada, Centro Cultural Casapiano, Lisboa
Poesia Pintada, Centre Civic Can Deu, Ayuntamiento de Barcelona, Espanha
Cumplicidades, 4 Monstras Galeria de Arte, Viseu
Casa dos Açores, Lisboa
Galeria Minerva, Coimbra


EXPOSIÇÕES COLECTIVAS (Selecção)
Treffpunkt Museum, Áustria
Pallazzo della Bela Vigo del Gargano, Itália
Fundación Canaria Mapfre Guanarteme, Las Palmas, Espanha
2000 International Show, Sharjah Arts Museum, Emiratos Árabes Unidos
Centro Cultural de Belém, Museu da Cidade, Lisboa
Galeria Pepper’s, Caldas da Rainha
La Maison des Alles, Toulouse, França
Centro Culturel Christiane Peuget, Paris, França
Santiago Galeria de Arte, Palmela
Galeria Minerva, Coimbra


REPRESENTAÇÕES
Banco Comercial Português
Museu do Vidro, Marinha Grande
Museu de Arte Contemporânea, Funchal
Editora ArtNtwork, Califórnia, EUA
University of South Carolina, EUA
The Tomorrow Fund Rhode Island Hospital Campus, Nova Iorque, EUA


“Sente-se que esta pintora dialoga com o mundo exterior através da sua pintura, também por uma necessidade profunda e absoluta de comunicar de uma forma libertadora. A verdade é que a arte é uma escrita da vida. Temos memórias do que fizemos, só que às vezes não temos consciência disso. A sua obra visa reflectir sobre o tempo dela própria no surgimento das figuras femininas que pairam num espaço próprio. O que há realmente é um percurso, como que uma viagem mental, num imaginário sonhador. É um caminhar constante. E é nesse encantamento e desencantamento constantes, que Lena se vai encantando”.

Manuela Synec (Historiadora e Crítica de Arte)

“A pintura de Lena Gal permite-nos entrar no domínio do sagrado habitado pela Mulher mas também nos oferece a visão de uma expressiva subtileza erótica que percorre cada olhar, cada corpo destas mulheres que personificam a natureza humana, isto é, a aparente harmonia entre o sagrado e o profano”.

João Louro

“Lena Gal cristalizou momentos tanto de reflexão como de revelação. No seu trabalho, deparamos com reflexões que nos mostram os sonhos de uma jovem rapariga, o potencial por trás da força serena de uma jovem mulher de campo, os anseios da mulher da cidade, a sabedoria de uma mulher idosa. Revelações, um momento suspenso em que a vida por ser alterada, surgem a cada uma destas mulheres, e também aos homens, nas suas mais variadas formas… com estas imagens variadas, a artista chama a atenção não apenas para a vida exterior e interior das mulheres portuguesas, mas também a própria aura que irradia de todo e qualquer ser humano, veiculando assim uma mensagem mais universal”.

Stephen Oliver

Lançamentos MinervaCoimbra

NOVEMBRO


O Presidente do Sindicato dos Jornalistas, as Edições MinervaCoimbra, o Director da Colecção Comunicação e a FNAC Chiado convidam para o lançamento do livro

SIGILO PROFISSIONAL EM RISCO. Análise dos casos de Manso Preto e de outros jornalistas no banco dos réus

da autoria de Helena de Sousa Freitas.

A obra será apresentada pela jornalista Sofia Pinto Coelho.

A sessão decorre no dia 16 de Novembro, pelas 18h30, na FNAC Chiado, em Lisboa, e conta com a presença do jornalista Manso Preto, de Alfredo Maia (Presidente do Sindicato dos Jornalistas) e do jornalista Mário Mesquita (Director da Colecção Comunicação).




“O livro que agora se publica tem, na sua origem, um trabalho apresentado pela Autora no Curso de Pós-Graduação em Direito da Comunicação Social da Faculdade de Direito de Lisboa, no ano lectivo de 2004/05, onde tivemos oportunidade de leccionar o módulo sobre “Direitos dos Jornalistas”.

Não sendo a Autora uma jurista, aborda, no entanto, um problema da maior complexidade jurídica e que é o do direito dos jornalistas ao sigilo profissional, mais precisamente o direito a não revelarem as suas fontes de informação. Para os jornalistas, o sigilo profissional é, não apenas um dever deontológico, mas também um direito fundamental cuja protecção a Constituição impõe e a lei, designada­mente o Estatuto dos Jornalistas, assegura e concretiza.

A concretização prática deste direito ao sigilo profissional revela-se, contudo, de grande complexidade, na medida em que, como qualquer outro direito fundamental, também o direito ao sigilo profissional não é um direito absoluto, isto é, pode ter de ceder perante o peso superior que apresentem, nas circunstâncias do caso concreto, outros bens igualmente dignos de protecção. Ora, a deter­minação das condições em que o direito ao sigilo profissional dos jornalistas deva prevalecer ou ceder não é tarefa fácil, nomeada­mente quando a este direito se opõem exigências de grande peso, como seja, por exemplo, o interesse na boa administração da justiça.

O caso em apreço remete, precisamente, para essas dificuldades de determinação do recorte concreto que o direito ao sigilo profissional deve merecer e, sendo essa função tarefa que, em última análise, cabe aos tribunais, o problema em causa é, essencialmente, um problema jurídico, no sentido de um conflito a decidir segundo parâmetros jurídicos, constitucionais e legais (...).

[in Prefácio]
Jorge Reis Novais

Professor da Faculdade de Direito de Lisboa


HELENA DE SOUSA FREITAS nasceu em Lisboa em 1976, licenciou-se em Comunicação Social pela Escola Superior de Educação de Setúbal, tem uma pós-graduação em Direito da Comunicação Social pela Faculdade de Direito de Lisboa e o curso de Foto-Reportagem do Cenjor.
Iniciou-se na profissão em 1996, na imprensa regional de Setúbal, foi coordenadora da secção de notícias de Natação do site Infordesporto.pt e é redactora na agência Lusa desde 1998, além de colaboradora do Sindicato dos Jornalistas.
Ao longo de 2001 dirigiu ainda, no site Literário Online, uma secção de entrevistas a autores portugueses e brasileiros, consagrados ou emergentes.
Estreou-se em 2002 com o ensaio “Jornalismo e Literatura: Inimigos ou Amantes?” (Peregrinação Publications), de leitura aconselhada em vários cursos do Ensino Superior em Portugal (Universidade de Coimbra, Universidade Lusófona e Universidade Católica, entre outras) e no Brasil (Universidade Federal de Brasília e Faculdade Cásper Líbero, entre várias).
Acumulando as práticas jornalística e ensaística com a escrita de ficção, é autora de conto e poesia, figurando em obras colectivas em Portugal, Brasil, Reino Unido e Chile (em castelhano), bem como em cerca de cinquenta sites de Portugal, Alemanha, Angola, Brasil, Canadá, Espanha, Estados Unidos e Suécia.



DEZEMBRO


As Edições MinervaCoimbra, o Director da Colecção Comunicação e a FNAC do NorteShopping convidam para o lançamento do livro

A EUROPA E PORTUGAL NA IMPRENSA DESPORTIVA – 1893-1945

de Francisco Pinheiro.

A apresentação contará com a presença dos jornalistas Mário Mesquita (Director da Colecção Comunicação), Gabriel Alves e Carlos Daniel, e decorrerá no dia 1 de Dezembro, às 17 horas, na FANC do NorteShopping.



Pensar a Europa e Portugal, a partir da imprensa desportiva portuguesa, é o principal objectivo deste livro, que deve ser visto como uma espécie de viagem por um tempo conturbado (1893-1945), com os principais jornais desportivos a servirem de guia. Esta longa peregrinação de 52 anos – iniciada quando surge o primeiro jornal desportivo em Portugal e encerrada no ano em que termina a Segunda Guerra Mundial (altura em que este género de imprensa se consolida) – permitiu recuperar, simultaneamente, do baú do esquecimento, reflexões sobre a Europa e Portugal, e um pedaço da esquecida história da imprensa desportiva.

“A Alemanha acaba de declarar a guerra a Portugal. Nós, hoje, pequeno povo de 6 milhões de habitantes, estamos em guerra com um povo de 60 milhões de almas!”, in O Sport de Lisboa, 18 Março 1916

“A política portuguesa é a mais baixa, a mais reles, a mais ignóbil de toda a Europa, porque não há país nenhum no mundo, onde à sombra da política, tantos crimes impunemente se cometam”, in Sporting, 26 Dezembro 1923

“A alma dos jovens alemães é a reprodução da alma do seu chefe, é o mesmo que dizer que em cada jovem alemão está encarnado Hitler cem por cento”, in O Norte Desportivo, 26 Julho 1936

“Um dia alguém escreveu: ‘Um homem tem duas pátrias – a sua e a França.’ Achamos que ela é justa para os que tiveram um dia a felicidade de lá viver", in Sporting, 29 Janeiro 1940

“Portugal tem um passado glorioso e um presente honrado. A sua missão no Mundo não está ainda cumprida e os seus filhos não valem menos do que os das outras nações", in Os Sports, 22 Dezembro 1941



FRANCISCO PINHEIRO nasceu na Covilhã no ano em que a Selecção Nacional de Futebol brilhou no Mundialito-72 do Brasil. Jornalista e historiador na área da imprensa desportiva e do futebol, é bolseiro de Doutoramento da Fundação para a Ciência e a Tecnologia, pela Universidade de Évora, e está a preparar uma tese dedicada à história da imprensa desportiva.

Licenciou-se em Jornalismo Internacional na Escola Superior de Jornalismo do Porto, com a monografia A Guerra Norte/Sul no Futebol Português, no ano em que Portugal hipotecou as suas hipóteses de presença no França-98. Em 2003, no mesmo mês em que a Selecção Nacional goleou o Kuwait por 8-0, tornou-se Mestre em Estudos Históricos Europeus pela Universidade de Évora, com a tese que deu origem a este livro.

Em 2002, meses depois do Mundial da Coreia/Japão, lançou em co-autoria o livro A Paixão do Povo – História do Futebol em Portugal, que retrata toda a história da modalidade. E antes do arranque do Euro-2004, apresentou novamente em co-autoria A Nossa Selecção em 50 Jogos, 1921/2004, colectânea com os 50 jogos mais marcantes da nossa Selecção de Futebol. Levou ainda o Futebol à Porto-2001 – Capital Europeia da Cultura, co-organizando uma série de tertúlias e uma exposição sobre o tema.




As Edições MinervaCoimbra e o Director da Coleção Comunicação convidam para o lançamento do livro

SALAZAR VAI AO CINEMA – O Jornal Português de Actualidades Filmadas

de Maria do Carmo Piçarra

A sessão realiza-se a 4 de Dezembro de 2006, às 19h30 na Sala Luís de Pina da Cinemateca Portuguesa, Rua Barata Salgueiro 39, em Lisboa, e será complementada com a exibição de edições do Jornal Português.

A apresentação da obra será feita por João Lopes.




"Salazar Vai ao Cinema- O Jornal Português de Actualidades Filmadas" reflecte sobre o carácter do cinema de propaganda em Portugal e qual o papel – e como foi desempenhado – que as primeiras actualidades cinematográficas estatais, tiveram na veiculação da ideologia do Estado Novo.

As actualidades filmadas nasceram com o cinema - fixadas pelos «caçadores de imagens» a soldo dos Lumière ou recriadas em estúdio por Méliès. Curtas-metragens, mostravam acontecimentos políticos, económicos, desportivos, culturais, etc. e integravam os programas cinematográficos sendo mostradas antes das longas-metragens de ficção. O aproveitamento do potencial propagandista das actualidades foi uma prática generalizada internacionalmente, sustentada por modelos mais ou menos informativos.

O Jornal Português – a primeira edição de actualidades produzida com continuidade em Portugal - foi dirigido, entre 1938 e 1951, por António Lopes Ribeiro e foi financiado pelo Secretariado da Propaganda Nacional (SPN). Iniciativa do director do SPN, António Ferro, mas mal amada por Salazar – que, além de não lhe compreender a modernidade e eficácia, achava o cinema demasiado caro –, a revista mensal de actualidade nacional teve 95 edições, preservadas quase integralmente no Arquivo Nacional de Imagens em Movimento.

Cumpriu um papel importante como veículo modernista – a par do cartaz e da rádio - da propaganda à ideologia do regime. Manifestações (de apreço) a Salazar e Carmona, comemoração de efemérides e das datas importantes para o Estado Novo, desfiles e festas militares e paramilitares e cerimónias religiosas, antes e durante a II Guerra Mundial; inaugurações e obras após o conflito, são as matérias privilegiadas por uma revista em que o cidadão comum é um espectador que assiste à distância às celebrações do regime.


MARIA DO CARMO PIÇARRA nasceu em Moura, no Alentejo, a 11 de Setembro de 1970. É mestre em Ciências da Comunicação pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. Escreve sobre cinema na «Premiere» e na «Maxmen», foi crítica de cinema do «Independente», e tem colaborado com a «Sábado» e a revista «Domingo», do Correio da Manhã, além de ter publicado na «Grande Reportagem», «Volta ao Mundo» e «Público». É jornalista free lancer.

Em 1998/99 foi adjunta do presidente do Instituto do Cinema, Audiovisual e Multimédia após o que editou e geriu os conteúdos da primeira editora portuguesa de música e cinema online www.estudio54.com

sábado, novembro 04, 2006

Novidades MinervaCoimbra

HOSPITAL SOBRAL CID
Das origens ao cinquentenário

História . Imagens . Memórias

M. Manuela de Mendonça



“O fazer história não é uma tarefa específica dos historiadores, mas outrossim daqueles que usando o método histórico são capazes de uma reflexão viva e actuante nos tempos que correm, como o foram nos tempos que já correram. Parabéns pois à autora por este magnífico trabalho que tenho a hora de prefaciar”.

C. Amaral Dias
Psiquiatra e Psicanalista


”Obra notável, alicerçada em sólidas bases de reflexão e formação humanística e psiquiátrica...ergue, com inteligência e uma notável clareza e rigor, uma época com toda a sua dinâmica institucional (e assistencial), com todos os seus intervenientes, as suas virtudes e defeitos”.

M. L. Mercês de Mello
Psiquiatra e Poeta


“Obra que regista um momento grande de Coimbra e da Psiquiatria em Portugal”.

Mário Nunes
Historiador, Vereador da Cultura da CMC



Maria Manuela Ribeiro da Fonseca Esteves de Mendonça foi Directora do Hospital Sobral Cid a partir de 1984, durante quatro mandatos sucessivos.
É natural de Lisboa e possui a licenciatura em Medicina (FMUL), o Curso de Ciências Pedagógicas (FLUL) e o Internato Geral dos Hospitais Civis de Lisboa. É especialista em Psiquiatria e Pedopsiquiatria e possui competência em Gestão Hospitalar reconhecida pela Ordem dos Médicos. Exerceu a sua actividade clínica, de investigação, de formação de técnicos de saúde e de educação e de docência universitária em Lisboa e Coimbra. Psiquiatra de carreira hospitalar, nela desempenhou variados cargos de chefia e direcção, e, paralelamente, de organização e gestão no âmbito da Psiquiatria e Pedopsiquiatria nacionais.
Autora de investigações pioneiras, foi galardoada com prémios atribuídos pelas sociedades de Neurologia e Psiquiatria, Sociedade das Ciências Médicas de Lisboa e Sociedade de História da Medicina da Bulgária. Tem publicadas algumas dezenas de trabalhos científicos em Portugal, noutros países europeus e Estados Unidos da América e Canadá.
Da sua colaboração com a Ordem dos Médicos destacam-se a presidência da Comissão da Especialidade de Pedopsiquiatria e a presidência da Direcção do respectivo Colégio de Especialistas. É membro honorário e membro fundador de Sociedades científicas nacionais e internacionais e possui Louvores do Hospital Júlio de Matos, da Direcção de Serviços de Saúde Mental e do Ministério da Saúde.
Tem várias participações com intervenção social em jornais diários, revistas de áreas diversas e na revista da Ordem dos Médicos. Em 2002 publicou nas Edições MinervaCoimbra o livro “Mais Vale Prevenir – Memórias de uma Época e de um Contributo para a Saúde Mental Infantil”.



CIGANOS. Histórias de vida.
Manuel Augusto Abrantes da Costa

A origem dos ciganos está ligada, desde sempre, a fantasiosas extrapolações. Aceites, tolerados ou hostilizados, os ciganos não deixam ninguém indiferente. De maneira geral, pouco se sabe sobre a sua cultura, a sua origem, a sua história e a razão de serem como são, a razão da sua unidade de grupo, a sua língua, a razão da sua presença em Portugal. São questões ainda em aberto.

A razão da diáspora dos ciganos ainda hoje não é de todo conhecida, restando, portanto, hipóteses diversas: umas que assentam no conhecimento da história das regiões pelas quais os ciganos foram passando, outras nos estudos linguísticos e outras ainda no conhecimento das características dos ciganos.

Nos princípios, devido à dificuldade de estabelecer a origem dos diversos grupos de ciganos que chegaram a Portugal, foram erradamente chamados de gregos ou egípcianos, porque se pensava que vinham da Grécia ou Egipto.

Não se conhece com exactidão a data da chegada dos ciganos a Portugal, mas a sua presença começa a ser assinalada no início do século XVI, de acordo com os primeiros testemunhos escritos que aparecem na literatura e na legislação, isto é, no Cancioneiro de 1510 e no “Auto das Ciganas” de Gil Vicente em 1521.

A chegada destes grupos nómadas, com uma língua incompreensível, que se diziam cristãos mas que apresentavam práticas misteriosas e profundamente pagãs e estranhas como, por exemplo, adivinhar o futuro, acampar e vestir roupas diferentes, não podiam deixar de causar o pasmo das populações fortemente marcadas pelo espírito medieval da época.

Por esta razão, desde logo começaram a tomar forma as leis especificamente relativas a ciganos, levando a quatrocentos e trinta e um anos de perseguição legislativa e, consequentemente, policial, o que é bem demonstrativo da segregação e mesmo do racismo a que estiveram sujeitos e cujos efeitos se fazem sentir ainda hoje.

Este livro é o resultado da dissertação de Doutoramento em Antropologia, especialidade de Antropologia Social e Cultural, apresentada pelo autor à Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra, no Departamento de Antropologia, sob a orientação dos Professores Doutores Manuel Laranjeira Rodrigues de Areia e Margarida Pedroso de Lima, em 31 de Março de 2004, tendo sido Aprovado com Distinção e Louvor.

A obra recebeu o 1.º Prémio de Jornalismo pela Tolerância, na área de Estudo Académico, em 2003, promovido pela Presidência do Conselho de Ministros, na pessoa do Alto Comissariado Para a Imigração e Minorias Étnicas.

O autor é professor do 1.º Ciclo do Ensino Básico, licenciado e Mestre em Ciências da Educação, Doutor em Antropologia Social e Cultural pela Universidade de Coimbra e é o Director Executivo do Centro de Estudos Ciganos.


"A interacção entre membros de diferentes grupos étnicos e de culturas é uma faceta comum da vida moderna portuguesa, que é necessário estudar e compreender para melhor prevenir situações de discriminação.

O objectivo deste livro, ao longo de 5 capítulos, escritos por um especialista de renome na matéria, é olhar de perto a cultura cigana em Portugal, as suas características, os seus problemas, os seus aspectos distintivos e fazer um balanço do que emerge quando pessoas de diferentes culturas se encontram.

Os estereótipos relacionados com os ciganos têm fundamento ou são um mito? Como vivem realmente os Ciganos em Portugal? A estas e outras questões responde Manuel Costa com base em histórias de vida".

Margarida Pedroso Lima
Professora Associada da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Coimbra