quinta-feira, dezembro 21, 2006

Obras de Vasco Berardo e Pedro Olayo (Filho)


Vasco Berardo
Alfabeto
Postais (14,5 x 14,5 cm) - 2,50€
Quadros (29 x 29 cm)* - 75€
* mediante encomenda



Pedro Olayo (Filho)
Serigrafia (67,5 x 48 cm)* - 60€
* numerada

Óleo s/ tela (vários tamanhos)* - entre 500€ e 800€
* emoldurados

Estas e outras obras podem ser adquiridas na Livraria Minerva,
Rua de Macau 52, Bairro Norton de Matos, em Coimbra,
de segunda a sábado, das 10 às 13 e das 14.30 às 20 horas.

quarta-feira, dezembro 20, 2006

Leitura de Poemas sobre a Virgem Maria e o Menino Jesus




Numa organização da Livraria Minerva e do Instituto de Estudos Clássicos da FLUC realizou-se ontem a sessão das Terças-Feiras de Minerva de Natal de 2006.

A assinalar o Natal, Amélia Campos e Carla Coelho, do Grupo Thíasos do IEC, José Ribeiro Ferreira e Maria Lucília Mercês de Mello, fizeram uma Leitura de Poemas sobre a Virgem Maria e o Menino Jesus, mediante uma selecção de José Ribeiro Ferreira.




Oração do Deus-Menino
Jaime Cortesão
[Ançã, 1884-1960]

Era noite; e por encanto
Eu nasci, raiou o Dia.
Sentiu meu pai que era Santo,
Minha mãe, Virgem-Maria.

As palhinhas de Belém
Me serviram de mantéu;
Mas minha mãe, por se Mãe,
É a Rainha do Céu.

Nem há graça ambaladora,
Como a de mãe, quando cria;
É como Nossa Senhora,
Mãe de Deus, Ave-Maria!

Está no Céu o menino,
Quando sua mãe o embala.
Ouve-se o coro divino
Dos anjos, a acompanhá-la.

Como num altar de ermida,
Ando no teu coração;
Para ti sou mais que a vida
E trago o mundo na mão.

Não sei de pais, em verdade,
Mais pobrezinhos que os meus;
Mas o amor dá divindade,
E eu sou o filho de Deus!

Talvez Natal
António Manuel Couto Viana
[Viana do Castelo, 1923-]

Que a minha poesia
Jorre de novo em fonte.
Tu que fazes, Maria?
— Vou beijar-te na fronte.

Que a rosa da alegria
Volte a esfolhar-se em mim.
Tu que fazes, Maria?
— Colho-a no meu jardim.

Que eu tome cada dia
O alvor da comunhão.
Tu que fazes, Maria?
— O milagre do pão.

Que graça te alumia?
Quem te sublima em luz?
Tu que fazes, Maria?
— Trago ao colo Jesus.


segunda-feira, dezembro 18, 2006

AS CICLODEXTRINAS EM TECNOLOGIA FARMACÊUTICA de Francisco Veiga Catarina Pecorelli Laura Ribeiro


As Ciclodextrinas em Tecnologia Farmacêutica
Francisco Veiga
Catarina Pecorelli
Laura Ribeiro

«Numa área de forte componente de investigação como a Tecnologia Farmacêutica, onde o conhecimento se faz cada vez mais pela interligação de várias ciências, a ausência de textos em língua portuguesa constitui infelizmente um traço transversal a tantos outros domínios de forte expansão científica. Por isso, ao dar-se à estampa um título neste domínio todos os comentários nos parecem redundantes. Pelo arrojo da iniciativa. Pela mais valia que transporta. Pelo exemplo motivador para que mais ciência se faça e se divulgue em Português.
Está pois facilitado o trabalho do redactor deste Prefácio no que respeita à oportunidade e interesse da sua publicação. Estará também facilitada a sua avaliação crítica?

A leitura atenta desta obra transporta-nos ao interior do Laboratório de Galénica e Tecnologia da Faculdade de Farmácia de Coimbra, a um quotidiano que, pelas funções que desempenhamos há vários anos, temos o prazer de conhecer profundamente. E à vivência de um grupo de investigação liderado pelo nosso colega Professor Francisco Veiga, que tem sabido gerir os trabalhos de alguns dos seus colaboradores no sentido do estudo das ciclodextrinas, esses compostos dotados de interessante e peculiar estrutura que motivam todos os anos, a publicação de aproximadamente 1000 artigos e resumos científicos, dos quais uma grande parte se relaciona com aplicações farmacêuticas.

É interessante então verificar que esta obra não constitui uma tradução ou uma revisão de conjunto bibliográfica sobre a matéria. Articula a investigação de centros de excelência com pergaminhos neste domínio com a descrição de trabalhos originais, idealizados, estruturados e executados nas nossas instalações com as dificuldades que todos os que se dedicam à “causa ciência” conhecem. Ainda assim, foi possível que muitas destas peças tenham sido objecto de publicação em revistas internacionais de elevado índice de impacto, até há pouco praticamente inacessíveis a trabalhos originais nesta área, com origem em Portugal.

A obra apresenta-se dividida em 5 capítulos que reflectem o percurso dos autores e a importância que têm dado a cada um domínios aqui tratados.

No primeiro capítulo “As ciclodextrinas e seus complexos de inclusão” faz-se uma apresentação destas típicas moléculas hospedeiras, estudando-se a sua estrutura química e o modo como esta influencia a sua “acção” e descrevendo com importante detalhe os derivados estruturais que para além de melhorarem a solubilidade e limitarem a toxicidade, oferecem ainda a possibilidade de aumentar a capacidade de inclusão. A parte mais descritiva deste capítulo focaliza--se em aspectos mais gerais como a estrutura e propriedades físico--químicas dos vários tipos de ciclodextrinas identificados, sublinhando-se a importância que pode também ter como obra pedagógica para quem se interesse pelo tema.

O segundo capítulo “Formação e detecção dos complexos de inclusão” carrega já muito do conhecimento que se foi fazendo por este grupo. Abordam-se os vários mecanismos de complexação e descrevem-se os vários recursos instrumentais utilizados para a detecção da efectiva formação de complexos. É um capítulo de forte componente analítica só possível de executar na nossa Faculdade porque os autores tiveram a sabedoria de estabelecer, como manda a ciência moderna, as necessárias ligações sinérgicas com centros nacionais e internacionais conhecedores das técnicas “pesadas” aqui utilizadas. A soberba modelação molecular apresentada é disto um exemplo paradigmático.

No terceiro Capítulo “Biodisposição, toxicidade e regulamentação das ciclodextrinas” faz-se a abordagem, tal como o título indica, das fases cinéticas das ciclodextrinas e seus complexos. Na última parte deste capítulo inclui-se uma temática muitas vezes ignorada em textos idênticos: a classificação regulamentar destes compostos. Conhecendo--se as exigências actuais em termos de novos excipientes é interessante verificar a preocupação de, numa obra científica, incluir aspectos desta índole. Porque se trata de facto de um aspecto capital ao pensar na aplicação destes compostos no domínio da indústria farmacêutica, não faria sentido prático abordar as questões técnico-científicas ignorando a trilogia eficácia, segurança e qualidade que pode comprometer a transposição para o domínio industrial. Tanto mais que, para além das aplicações convencionais das ciclodextrinas como excipientes farmacêuticos, existem alguns indícios de que estas moléculas possam actuar como agentes terapêuticos, devido à capacidade de complexarem in vivo moléculas hóspede exógenas ou endógenas, possibilitando a sua utilização no tratamento de determinadas doenças como aterosclerose, processos inflamatórios ou infecções virais.

No quarto Capítulo “Implicações Biofarmacêuticas e Tecnológicas das ciclodextrinas em Formulações Farmacêuticas” apresentam-se diversas aplicações das ciclodextrinas ao nível do desenvolvimento de variadas formas farmacêuticas, sistematizando o estudo em função da via de administração destas formas. É interessante verificar a transversalidade de aplicações, cobrindo as diversas formas farmacêuticas, dando-se exemplos na preparação de formas farmacêuticas sólidas, líquidas e semi-sólidas com aplicação nas vias de administração oral, parentérica, pulmonar, nasal, bucal, sublingual, rectal, ocular e dérmica.

Destaca-se também a importância da encapsulação molecular de fármacos pelas ciclodextrinas pelas vantagens tecnológicas e biológicas na medida em que se possibilita a modificação das propriedades físicas, químicas e biofarmacêuticas daqueles. Reserva-se ainda um lugar de relevo às formas de libertação prolongada, sustentando a apresentação das virtudes das ciclodextrinas neste domínio, mais uma vez, com recurso a investigação própria dos autores, nomeadamente na optimização conseguida para a biodisponibilidade oral da vinpocetina.

No quinto e último capítulo “Estratégias para Aumentar a Eficiência de Complexação das ciclodextrinas”, abordam-se as potencialidades destes compostos para formação de complexos multicomponentes, com particular destaque para as consequências biofarmacêuticas desta estratégia de desenvolvimento farmacêutico. Realce-se o interesse do recurso a exemplos de produtos de sucesso assim conseguidos, culminando com a ilustração perfeita das possibilidades ainda em aberto neste domínio.

Perante a capacidade de reunir num único documento tanta da investigação feita no domínio das ciclodextrinas, suportada ainda por investigação própria e por bibliografia actualizada, julgamos que a questão que nos colocámos sobre a eventual facilidade da avaliação crítica só pode ter uma resposta positiva. E motiva-nos para responder sem receios à questão que faz título à obra de Jorge Massada: “Vale a pena ser cientista?”. Por muitas dificuldades que a própria natureza da causa transporta, sem dúvida que sim. Porque, quando textos desta natureza ficam disponíveis para fora de um domínio restrito, levam consigo um pouco da nossa história e vivência recentes, mostram a outros meios a investigação que corre no Laboratório de Galénica e Tecnologia da Faculdade de Farmácia de Coimbra e são potenciadores de iniciativas que constituam uma mais valia pedagógica e científica.

Por todos os motivos apresentados, aplaudimos os autores desta obra, em particular pelo valor de I&D intrínseco e sublinhamos a importância que esta edição representa para o meio académico e da indústria farmacêutica».



ADRIANO TEIXEIRA BARBOSA DE SOUSA
Professor Catedrático
Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra

Francisco José de Baptista Veiga
Professor do Laboratório de Tecnologia Farmacêutica da Faculdade de Farmácia da Uni­ver­si­dade de Coimbra.
Licenciado em Ciências Farmacêuticas (ramo Farmácia Industrial), Doutorado em Farmácia, na especialidade de Tecnologia Farmacêutica pela Universidade de Coimbra e com o título de Agregado atribuído pela mesma Universidade.
Tem orientado vários projectos de investigação so­bre a aplicação de ciclodextrinas em tecnologia farmacêutica.
Autor de mais de setenta trabalhos científicos sobre ciclodextrinas (comunicações e publicações) apresentados em reuniões e revistas nacionais e estrangeiras.

Catarina Cabral Marques Fernandes Pecorelli
Professora do Departamento de Ciências da Saúde da Universidade Lusófona, Lisboa.
Licenciada em Ciências Farmacêuticas e Doutorada em Far­mácia, na especialidade de Tecnologia Far­ma­­cêutica pela Universidade de Coimbra.
Autora de cerca de duas dezenas de trabalhos científicos sobre ciclodextrinas (comunicações e publicações) apre­sentados em reuniões e revistas nacionais e estrangeiras.

Laura Sofia dos Santos Ribeiro
Directora do Departamento de I&D da empresa farmacêutica Labialfarma, Mortágua.
Licenciada em Ciências Farmacêuticas e Doutorada em Farmácia, na especialidade de Tecnologia Farmacêutica pela Universidade de Coimbra.
Autora de mais de duas dezenas de trabalhos científicos sobre ciclodextrinas (comunicações e publicações) apre­sentados em reuniões e revistas nacionais e estrangeiras.

domingo, dezembro 17, 2006

CARLOS LANÇA expõe na Galeria Minerva

A Galeria Minerva tem patente uma exposição de
Pintura de Carlos Lança







A mostra poderá ser visitada até 
ao próximo dia 17 de Janeiro,
de segunda a sábado,
das 10 às 13 e das 14h30 às 20,
na Rua de Macau, 52, em Coimbra.



CARLOS LANÇA (Lisboa, 1937) iniciou a sua actividade em Lisboa em 1960, mas reside e tem o seu atelier no Porto desde 1976. Foi bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian em 1966-67 (Lisboa e Paris) e da Hofstra University em 1969-70 (New York).

Com participação em dezenas de exposições, as suas obras foram apresentadas em Portugal e no estrangeiro (Espanha, Itália, Bélgica, Dinamarca, Finlândia, França, Angola, Brasil, China e E.V.A.), contando-se ainda mais de 200 participações em colectivas na Europa, África, continente americano e Ásia.

É autor de diversos projectos destinados ao espaço público, designadamente de arquitectura monumental, design pedonal, mobiliário urbano, pintura mural, painéis cerâmicos, etc., em Portugal e no estrangeiro.

Possui uma vasta e significativa bibliografia passiva onde se assinalam importantes textos analíticos sobre a sua obra, assinados por autores nacionais e estrangeiros, publicados em destacadas revistas da especialidade quer em Portugal quer além-fronteiras, mas também na imprensa portuguesa e estrangeira, com relevância especial para diversos livros editados em Portugal e dedicados ao seu trabalho, de vários autores.

Na sua bibliografia activa, destaque para "Arte Portugues Contemporáneo" (Publicaciones ARBOR/Madrid -1970), "Descodificações" (Editores Associados/Porto - 1984) e "O Espaço e o Tempo - Registos e Ensaios" (Edição Galeria Sacramento/Aveiro-2004), para além de muitos outros textos sobre arte, publicados em páginas culturais da imprensa, revistas especializadas e catálogos para exposições de outros autores.

Está representado em colecções de Estado, fundações e outras colecções institucionais e privadas em numerosos países europeus, e ainda nos seguintes museus em Portugal:
Museu Nacional de Soares dos Reis, Museu Nacional de Angra do Heroísmo, Museu Tavares Proença Júnior / Castelo Branco, Museu de Ovar, Museu de Mirandela, Museu de Évora, Museu de Souza Cardoso / Amarante, Museu de Chaves, Museu de Setúbal, Museu Infante D. Henrique / Faro, Museu de Lamego, Museu do Desenho / Estremoz, Museu de Arte Contemporânea Diogo Gonçalves / Portimão, Museu de Grão Vasco / Viseu, Museu Municipal de Loures, Museu Municipal de Estremoz, Museu de Porto-de-Mós, Museu Municipal de Santa Maria da Feira e Museu da Cidade / Lisboa.

Está também representado em museus estrangeiros: Museu de Rabat, Museu de Luanda, Museu de Maputo, Museu Luís de Camões / Macau, Museu de Arte Moderna de Pego / Alicante, Museu de Arte Moderna de São Paulo, Museu de Arte Moderna da Bahia, Museu de Brasília, Museu Riopardense / São Paulo, Museu de Arte de Fortaleza, Museu de Arte Contemporânea de Goiás, Museu de Arte Contemporânea de Curitiba, Museu de Arte de Belo Horizonte, Museu do Ceará, Museu de Arte Moderna de Niterói, Museu de Arte de Belém, Museu Nacional de Arte Moderna de Tóquio e Museu de Arte Moderna de Nova Deli.

Foram-lhe atribuídos diversos prémios e outras distinções (Portugal, Espanha, Itália, Brasil e EUA). É membro honorário de várias instituições artísticas e culturais em Espanha, Itália e Brasil e Presidente do Conselho de Direcção Nacional da ANAP (Associação Nacional dos Artistas Plásticos), do Comité Nacional para a AIAP / UNESCO e do Comité Luso-Galaico para a cultura.

CARLOS LANÇA A DINÂMICA ESPACIAL E A (IN)ESTABILIDADE DO TEMPO
Nem todos os artistas de avant-garde da geração de sessenta do séc. XX foram apologetas tão coerentes da modernidade como Carlos Lança, quer do ponto de vista mais ambicioso das suas carreiras, quer nas práticas da promoção profissional democrática, na acepção lógica de um estatuto sociocultural do artista – e, particularmente, do artista plástico – que, maugrado todos os esforços não é, ainda hoje, universalmente tangível.

Portador de um dos mais notáveis e mundivivenciados curricula, Carlos Lança distingue-se da maioria dos autores coevos pela sua preocupação investigacional, seja no domínio ontológico da morfogénese cósmica (que é uma componente invariável na sua pintura abstracta espacio-temporal das últimas décadas), seja no âmbito evolucionionário do ser humano, como entidade biopsíquica, seja na teorização e na investigação estética profunda, no campo da criatividade.
Morfológica e tecnicamente a sua pintura é uma referência de meticulosidade e rigor definitivo, quase microscópicos, evadida de experiências mais remotas em que o autor ensaiou expressões de gestualismo mitigado e explorou o descritivismo e a simbologia geométrica, sabiamente enraizados e florescentes numa paleta de cores singularmente atractivas.
Viajante intemporal de fantásticos espaços míticos, onde se lhe adivinham, e ele nos oferece, momentos de uma invulgaríssima tensão paisagística, Carlos Lança desenvolve o sonho real de um futuro antecipado, prodigalizando-nos uma visão (im)previsível da dinâmica espacial de universos e atmosferas que a poética da science fiction literária e, o próprio audiovisual, raramente ousaram abordar.
As rotas e trajectórias onde, navegante solitário, ele mapeia, anota, regista e ensaia as suas viagens cósmicas, propõem constantes interrogações, simultaneamente, da ritualidade estética, do onirismo surreal e da assunção de uma (in)estabilidade do Tempo que, segundo o seu processus criativo não é abstracto, nem uma constante (i)mutável.
Num esplêndido e muito sintético texto de 1997, após referir-se ao uso que o autor faz «da geometria pura, sagrada e simbólica» (com grande visibilidade, aliás, nas peças patentes desta sua individual, na Minerva de Coimbra), José Troufa Real não se coibiu de salientar algo que remete para o perfil gregário e generoso, porventura, pouco enfatizado, na sua biografia: «A força do seu combate leva-o a defender a causa de todos os artistas.» [...] «Carlos Lança é uma referência na Terra dos Homens, pela sua Arte, pelo seu combate...».

Invoco esta importante recensão, convictamente a co-subscrevendo. E a solidariedade que nos une, ao longo de décadas de leal companheirismo e luta por uma mesma causa, não implica cumplicidades inconfessas, nem complacências: agudiza a exigência crítica, não admite favores de amigo.

José-Luís Ferreira Caramulo, 2006-10-15

A CONFIGURAÇÃO DOS ACONTECIMENTOS PÚBLICOS de ISABEL BABO LANÇA







As Edições MinervaCoimbra promoveram recentemente o lançamento da obra de Isabel Babo-Lança, "A CONFIGURAÇÃO DOS ACONTECIMENTOS E DOS PROBLEMAS PÚBLICOS. O “CASO REPÚBLICA” E AS MANIFESTAÇÕES NOS AÇORES EM 1975".


A sessão decorreu na
Fundação Dr. António Cupertino de Miranda e a apresentação esteve a cargo de Fernando de Sousa, da Universidade do Porto e director do CEPESE, e José Rebelo, do ISCTE.Se o acontecimento constituía já um objecto de estudo preferencial da historiografia e da sociologia da comunicação, desde a década de 90 passou a constituir também objecto de análise sociológica. No contexto de uma sociologia inspirada na etnometodologia, na fenomenologia, na narratologia, na hermenêutica e na filosofia analítica, o acontecimento passou a ser considerado não tanto como objecto de análises semióticas ou factuais, mas enquanto fenómeno susceptível de conduzir a uma reelaboração da própria concepção do social.Na convicção de que é em função dos fins práticos da acção colectiva no espaço público e na perspectiva da organização da experiência pública que os actores sociais explicam e interpretam o que se passa em termos de acontecimentos e/ou de problemas prováveis e de acções imputáveis, examinam-se, na presente obra, as diferentes maneiras de descrever um acontecimento, de o designar e caracterizar, de tematizá-lo e de o transformar em problema público. Pretende-se mostrar que a configuração e construção do sentido dos acontecimentos depende de realizações práticas, ao nível da sua produção e da sua recepção, e que as descrições, as categorizações e as narrativas intervêm na construção social e pública daquilo de que elas próprias dão conta.
Os dois acontecimentos em análise ocorreram em Portugal no período revolucionário de 1975, sendo eles o caso República e as manifestações separatistas nos Açores. Não é em termos de uma causalidade histórica que estes dois acontecimentos particulares, tomados como objecto de análise, são abordados, ensaiando-se antes apreender por meio de que operações foram identificados e dotados de sentido. Trata-se de uma abordagem sociológica particular, que produz uma inteligibilidade dos acontecimentos diferente da perspectiva que visa uma explicação causal, na medida em que não perde de vista o facto de o caso República e as manifestações nos Açores terem acontecido a pessoas que suportaram esses acontecimentos, os sofreram, foram afectadas por eles, deles se apropriaram, responderam-lhes e reagiram em função das significações que lhes atribuíram e que aplicaram à sua experiência pública.
Isto é, sendo factual, um acontecimento é também relativo a um ponto de vista e aos recursos semânticos e simbólicos escolhidos para o descrever. Pode transformar-se num problema público, fixar sobre si a atenção colectiva e desencadear uma acção pública. A sua configuração pode ser revista e o acontecimento adquirir uma inteligibilidade retrospectiva e uma nova significação.



Isabel Babo-Lança 
natural do Porto, onde reside, é Professora Associada na Universidade Lusíada. Doutorada em Sociologia pela École des Hautes Études en Sciences Sociales de Paris, foi bolseira da Fundação para a Ciência e a Tecnologia, programa PRAXIS XXI.
É membro da Unidade de Investigação CEPESE – Centro de Estudos da População, Economia e Sociedade, da Universidade do Porto, e integra a Comissão Científica da Revista População e Sociedade (CEPESE / Edições Afrontamento).
Leccionou na Escola Superior de Jornalismo do Porto e no Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa (ISCTE).
Tem colaborado em diversas publicações científicas da especialidade, de que se destacam a coordenação da obra “Estudos e ensaios em homenagem a Eurico Figueiredo”, Cepese / Edições Afrontamento (2005), a colaboração, com o artigo “Confiança e Democracia”, na obra “Desafios da democratização no mundo global” (M. Raquel Freire [org.], Edições Afrontamento / Cepese, 2004) e a participação, com a redacção de entradas, no Dicionário de Sociologia (Porto Editora, 2002) e no Dicionário de Relações Internacionais (Fernando de Sousa [dir.], Edições Afrontamento, 2005).
Interessada pelo estudo do acontecimento e dos problemas públicos assim como pela temática da ética e da responsabilidade social, tem intervindo regularmente em colóquios e conferências da sua área de especialidade e tem publicado, neste âmbito, em revistas como a Trajectos / ISCTE, Psiconomia / Universidade Lusíada e Antropológicas / Universidade Fernando Pessoa.



sexta-feira, dezembro 15, 2006

Terça-Feira de Minerva de Natal de 2006

Numa organização da Livraria Minerva
e do Instituto de Estudos Clássicos
realiza-se no próximo dia 19 de Dezembro, pelas 21h30,
a sessão das Terças-Feiras de Minerva de Natal de 2006.


A assinalar o Natal,
o Grupo Thíasos do IEC fará uma
Leitura de Poemas sobre a Virgem Maria e o Menino Jesus.

CIGANOS HISTÓRIAS DE VIDA de MANUEL ABRANTES COSTA. 1.º Prémio de Jornalismo pela Tolerância, na área de Estudo Académico, em 2003, promovido pela Presidência do Conselho de Ministros, na pessoa do Alto Comissariado para a Imigração e Minorias Étnicas. [Marco na investigação sobre os ciganos em Portugal]



Ciganos – Histórias de Vida” é o título do livro de Manuel Abrantes Costa recentemente editado pelas Edições MinervaCoimbra e cuja apresentação esteve a cargo de Margarida Pedroso de Lima, professora da Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade de Coimbra.

O livro nasceu de um desafio feito pela editora, Isabel de Carvalho Garcia, ao autor para que aceitasse publicar a sua tese de doutoramento na sequência de uma palestra efectuada no âmbito das Terças-Feiras de Minerva. “Eu achei que a perspectiva que ele nos dava sobre os ciganos, sobre a sua perspectiva, as suas formas de vida, a sua cultura, a sua tradição, tinha algo de diferente daquilo que estamos habituados a ouvir”. O livro agora publicado, afirmou ainda, “é uma descoberta”.

Segundo Margarida Pedroso de Lima, o trabalho “é um marco ao nível da investigação sobre os ciganos em Portugal”, já que “de maneira geral, pouco se sabe sobre a sua cultura, a sua origem, a sua história e a razão de serem como são, a razão da sua unidade de grupo, a sua língua, a razão da sua presença em Portugal. São questões ainda em aberto”.

A obra, afirmou ainda, “chama a atenção para as nossas práticas de segregação em relação aos outros”. Hoje, os ciganos que vivem entre nós, “perderam uma certa identidade de tribo, uma certa identidade social de pertença”, o que lhes pode provocar “uma enorme solidão”.

O objectivo deste livro agora publicado é precisamente “olhar de perto a cultura cigana em Portugal, as suas características, os seus problemas, os seus aspectos distintivos e fazer um balanço do que emerge quando pessoas de diferentes culturas se encontram”.

Segundo Manuel Abrantes Costa, o livro tem duas partes distintas, uma teórica de enquadramento e outra parte histórica sobre os ciganos, “o que eles pensam deles próprios e o que pensam de nós”. E da sua investigação, o autor conclui simplesmente que “são cidadãos portugueses, com defeitos e com virtudes. Mas têm uma coisa que os diferencia e que é o facto de ao longo dos anos terem sido obrigados a sobreviver. E ainda hoje utilizam mecanismos de defesa para isso”. Uma sociedade só se desenvolve pela edução e pela formação e, segundo Manuel Abrantes Costa, “essa é única possibilidade de os ciganos saírem da miséria em que vivem e em que cada vez se estão a enterrar mais”.

“Ciganos – Histórias de Vida” recebeu o 1.º Prémio de Jornalismo pela Tolerância, na área de Estudo Académico, em 2003, promovido pela Presidência do Conselho de Ministros, na pessoa do Alto Comissariado para a Imigração e Minorias Étnicas.

Manuel Abrantes Costa é professor do 1.º Ciclo do Ensino Básico, licenciado e mestre em Ciências da Educação, doutor em Antropologia Social e Cultural pela Universidade de Coimbra e é director executivo do Centro de Estudos Ciganos.

SALAZAR VAI AO CINEMA de MARIA DO CARMO PIÇARRA [APRESENTADO EM LISBOA, NA CINEMATECA PORTUGUESA]






Foi recentemente apresentado na Cinemateca Portuguesa o livro “Salazar vai ao cinema. O Jornal Português de Actualidades Filmadas”, da autoria de Maria do Carmo Piçarra.

Numa sessão presidida por João Benard da Costa, o livro, que integra a Colecção Comunicação das Edições MinervaCoimbra dirigida por Mário Mesquita, foi apresentado por João Lopes, crítico, argumentista, ensaista e professor de cinema (na Escola
Superior de Cinema e em Serralves, nomeadamente), cuja intervenção aqui reproduzimos na íntegra.

Estiveram também presentes os editores, Isabel de Carvalho Garcia e José Alberto Garcia, numa sala cheia em que as pessoas se sentaram no chão no final da sessão a fim de assistirem à projecção das actualidades filmadas.

"Num apontamento escrito a 14 de Janeiro de 1962 (portanto há quase 45 anos), citado no livro «O Diário de Salazar», de António Trabulo, António de Oliveira Salazar escreveu estas palavras:

«Vi-me na televisão. Estou velho e, o que é pior, pareço velho. Nunca tive a voz muito firme; agora, está uma lástima. Aquela caixa pequena ainda é mais cruel do que o espelho. Ao enfrentá-lo, estamos vigilantes e mostramos de nós próprios o que pretendemos ver. Na televisão, só em parte é assim; não expomos apenas os ângulos que escolhemos. Daqui em diante mandarei lá ministros bem apessoados para que transmitam uma imagem favorável do Governo. Eu só voltarei em circunstâncias excepcionais. Quanto às reportagens, podem ser trabalhadas. Segundo me contam, não é difícil».

São palavras paradoxalmente obscuras e luminosas, suaves e violentas. Dão conta de uma resistência individual às imagens e, ao mesmo tempo, reconhecem nessas mesmas imagens uma função pública precisa, certamente indissociável do colectivo social, dos seus movimentos, conflitos e valores.

Curiosamente, se é verdade que Salazar mostrava reticências, ou mesmo desprezo, pela possibilidade de se mostrar em televisão, não é menos verdade que a sua presença no cinema foi objecto de uma estratégia precisa, em grande parte estabelecida sob a égide de António Ferro, director do Secretariado da Propaganda Nacional.

Ora, o livro de Maria do Carmo Piçarra, «Salazar Vai ao Cinema», é um objecto pacientemente didáctico e genuinamente histórico, um livro para compreendermos um pouco mais dessa inquietação que continua a acompanhar-nos e, em muitos aspectos, a questionar-nos – é a questão das relações do Estado Novo com as imagens e, em particular, das relações de Salazar com o cinema.

Trata-se, aliás, de um livro com um título de irónica ambiguidade: «Salazar Vai ao Cinema».

Isto porque, de facto, o seu tema nuclear é a presença de Salazar nas salas de cinema em Portugal, concretamente através das 95 edições das actualidades cinematográficas que receberam o nome «Jornal Português» e que, entre 1938 e 1951, foram financiadas pelo Secretariado da Propaganda Nacional, com direcção e realização a cargo de António Lopes Ribeiro. Quer isto dizer que o regime aproveitou o modelo então corrente das actualidades para promover a imagem do seu líder e a sua direcção do país.

Ao mesmo tempo, o título «Salazar Vai ao Cinema» envolve uma contradição essencial e, no limite, estrutural – contradição de Salazar, enquanto líder político, e contradição também do regime que, a partir de certa altura, por assim dizer, se entronizou na sua própria figura. Essa contradição nasceu de uma crescente resistência às imagens e, em particular, às imagens de cinema.

De facto (e simplificando muito, como é óbvio), pode dizer-se que a história visual e iconográfica do regime salazarista evoluíu a partir de uma tensão que nunca foi resolvida. Em primeiro lugar, a dinamização dos estúdios da Tóbis, logo nos primeiros anos do Estado Novo, tentou dar consistência a uma prática do cinema em que a componente de propaganda coexistisse com um sentido peculiar de entretenimento e cinema popular. Depois, foi-se instalando um crescente vazio figurativo, tanto do regime como do seu líder, vazio que, pelo menos em parte, poderá ajudar a explicar a decadência da produção cinematográfica ao longo da década de 50 – esse vazio seria bruscamente dramatizado com a eclosão da guerra colonial, no começo dos anos 60, e também com a passagem a uma nova idade visual, ou audiovisual, a idade da televisão.

O livro de Maria do Carmo Piçarra é, antes do mais, eminentemente informativo. E aqui importa fazer uma ressalva, sobretudo para os que possam julgar que essa carga de informação menospreza a elaboração de um ponto de vista.

De facto, não é isso que acontece, pela simples razão de que o primeiro e decisivo ponto de vista de «Salazar Vai ao Cinema» é que continuamos a conhecer pouco – e, por vezes, a conhecer mal – o sistema de relações entre Salazar e o cinema, o cinema e o Estado Novo, o Estado Novo e o imaginário cinematográfico da época.

Daí que este seja um livro que nos permite revisitar um tempo que, de facto, cada vez mais, importa libertar de muitos clichés políticos ou morais, construídos à esquerda e à direita, e que com frequência nos impedem um conhecimento real e exigente da complexidade factual – e também da rede simbólica – que, de uma maneira ou de outra, sustentaram uma ditadura de 48 anos.

Nesse aspecto, não queria deixar de referir o modo como «Salazar Vai ao Cinema» acompanha de forma muito cuidadosa o trabalho de um cineasta como António Lopes Ribeiro.

Nascido em 1908 e falecido em 1995, Lopes Ribeiro é um daqueles nomes muitas vezes tratado a partir de uma retórica descritiva profundamente redutora. Não por todos, como é óbvio – e lembro, por exemplo, que a sua obra já foi objecto de uma esclarecedora retrospectiva, aqui mesmo, nesta casa. Falo, sobretudo, dessa espécie de conhecimento «universal» (universal entre aspas, claro) que tende a reduzir tudo e todos a imagens de marca de enorme simplismo e até, por vezes, de enorme agressividade. Basta lembrar os clichés que circulam sobre a obra de Manoel de Oliveira – nesse sentido, talvez seja inevitável que Lopes Ribeiro seja objecto do mesmo tipo de ignorância e das mesmas grosseiras simplificações.

Ora, um dos capítulos de «Salazar Vai ao Cinema» procura, justamente, libertar a figura de Lopes Ribeiro do espartilho dos lugares-comuns. E tentando não omitir nada. Ou seja: lembrando que para compreender a sua figura é preciso convocar o propagandista do regime e o jornalista, o cineasta e o produtor, a fé em Salazar e a também a crença muito cinéfila no cinema e nas suas potencialidades expressivas.

Felizmente, «Salazar Vai ao Cinema» não é um livro isolado. Em tempos recentes, temos assistido ao aparecimento de um número muito razoável de edições, certamente diversas e contrastadas, mas que trabalham no sentido de refazer a memória do Estado Novo e, em particular, de libertar essa memória de muitas ideias feitas, umas enraizadas nos tempos do próprio regime, outras, importa reconhecê-lo, geradas, paradoxalmente, no interior da própria energia libertadora do 25 de Abril.

Resumindo, diria que «Salazar Vai ao Cinema» é um objecto que nos pode ajudar a compreender como é que Salazar e o Estado Novo foram representados pelo cinema e através do cinema – desde o registo das imagens até aos mecanismos de montagem, passando por esse momento essencial que era a inserção dos comentários em off, este é um estudo que procura, realmente, entender o cinema enquanto objecto que se fabrica, não para confirmar as aparências do real, mas para lhe conferir um sentido, porventura até para proclamar uma ideologia que quer fazer acreditar que esse real possui uma vocação e uma transcendência.

O livro de Maria do Carmo Piçarra diz-nos, afinal, que o nosso passado continua a ser uma forma particular do nosso presente. Para utilizar um velho palavrão que caíu em desuso, eu diria que isso se chama dialéctica – e que tal dialéctica nos ensina a olhar melhor para o que somos ou, se for caso disso, para o que julgávamos ser".

João Lopes

A EUROPA E PORTUGAL NA IMPRENSA DESPORTIVA de FRANCISCO PINHEIRO



Decorreu na FNAC do Norteshopping (Porto), a sessão de lançamento do livro
A Europa e Portugal na Imprensa Desportiva (1893-1945)”, da autoria do jornalista e historiador Francisco Pinheiro, publicado pela Edições MinervaCoimbra.

A apresentação correu a cargo do comentador desportivo Gabriel Alves, autor de um dos dois prefácios (o outro é da responsabilidade do historiador Alejandro Pizarroso Quintero, vice-reitor da Universidad Complutense de Madrid), que destacou a importância da obra para a compreensão da história da imprensa desportiva portuguesa.

“Este livro lança a luz sobre uma parte oculta da história do nosso jornalismo, numa área de especialização (desporto) sucessivamente esquecida, mas que tanto pode dizer sobre o que nós (portugueses e europeus) somos e como pensamos”, sublinhou Gabriel Alves. Num estilo muito próprio, que sempre o caracterizou, o jornalista da RTP fez um breve resumo da obra, saltitando de “estória” para “estória”, referindo vários episódios interessantes, como a morte do maratonista Francisco Lázaro, durante a maratona dos Jogos Olímpicos de Estocolmo, em 1912, vítima de insolação – a recém implantada I República fez de Lázaro o seu primeiro herói nacional.

Depois da eloquente apresentação de Gabriel Alves, foi a vez do autor Francisco Pinheiro falar um pouco sobre o livro, aproveitando a ocasião para apresentar diversas capas dos principais jornais desportivos que serviram de base ao seu trabalho. A primeira capa projectada foi a do número 1 do primeiro jornal desportivo português, O Velocipedista, de 1893. Em cada imagem projectada, o autor fazia alguma história deste género de imprensa e contava algumas “estórias” relacionadas com cada publicação. Cerca de uma dúzia de imagens permitiram a Francisco Pinheiro fazer uma viagem pela principal imprensa desportiva portuguesa entre o final do século XIX e o fim da Segunda Guerra Mundial, definindo uma espécie de “linha sentimental” que Portugal e a Europa traçaram durante esse período conturbado da sua história – linha essa que oscilou sempre entre os tempos de euforia e os de depressão.

Isabel de Carvalho Garcia referiu que esta obra está integrada na Colecção Comunicação das Edições MinervaCoimbra, coordenada por Mário Mesquita e que a obra “A Europa e Portugal na Imprensa Desportiva (1893-1945)” apresenta duas vertentes inovadoras: um estudo histórico aprofundado sobre uma área (imprensa desportiva) esquecida do jornalismo português e a possibilidade de se reflectir sobre Portugal e a Europa a partir de uma nova fonte de produção de pensamento (as páginas dos jornais desportivos).

terça-feira, dezembro 12, 2006

quinta-feira, dezembro 07, 2006

quarta-feira, dezembro 06, 2006

NITHEROY


11 de Dezembro
14h00 - 17h00
Tarde de estudos e lançamento

Participações:
Ana Beatriz Barel (Paris III / Toulouse II)
Maria Aparecida Ribeiro (UC)
Manuel Ferro (UC)
Carlos Almeida Prado Bacellar (USP)
Maria de Fátima Dias Duarte (CMC)
Ofélia Paiva Monteiro (UC)

Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra
Instituto de Estudos Brasileiros


sábado, dezembro 02, 2006

sábado, novembro 25, 2006

Algumas coisas com importância


As Edições MinervaCoimbra apresentaram o livro de poesia de Manuel dos Santos, “Algumas coisas com importância”. A sessão, que decorreu no anfiteatro da Escola Superior Agrária de Coimbra, contou com a presença de Alfredo Maia, presidente do Sindicato dos Jornalistas, que apresentou a obra.





“Este «Algumas coisas com importância»”, afirmou o apresentador, “interpela-nos acerca do modo como cada um de nós rege os seus dias nessa marcha do tempo – incessante, complexa, armadilhada com contradições, animada por avanços e conquistas e angustiada por retrocessos”.

Manuel dos Santos faz do seu livro “um manifesto de exortação e de resistência”, levando os leitores ao “questionamento” e ao “combate, aqui e ali polvilhado com estrofes de esperança e de amizade”, sempre “animado pela convicção de que cada um de nós tem o dever irrenunciável de sonhar, de propor, de agir, de resistir”.




A escrita de Manuel dos Santos sugere, ainda segundo Alfredo Maia, uma “rotura deliberada com certos modos de pensar e de fazer poesia”, na qual o poeta mergulha, lançando mão de metáforas e repudiando “a inutilidade ofensiva da palavra que não germina, que não produz, que não transforma, mas que ludibria, que atraiçoa”.



Manuel Ferreira dos Santos nasceu em Coimbra em 1950 e reside em Eira Pedrinha, Condeixa-a-Nova. Possui o curso de Regente Agrícola pela Escola Agrícola de Coimbra e a licenciatura em Biologia pela Universidade de Coimbra. Foi técnico do Ministério da Agricultura até 1989 e, desde então, tem sido responsável pelo Instituto da Conservação da Natureza na região Centro.

“Algumas coisas com importância” é o seu primeiro livro.

quinta-feira, novembro 23, 2006

Reabilitação urbana da Baixa foi tema em Terça-Feira de Minerva


A Livraria Minerva, em conjunto com o Rotary Club de Coimbra Santa Clara, promoveram mais uma sessão do Ciclo “Coimbra – Uma candidatura a Património mundial”, integrada nas Terças-Feiras de Minerva. Desta vez a sessão contou com a presença de João Rebelo (Vice-Presidente da Câmara Municipal de Coimbra), de João Paulo Craveiro (Presidente da Sociedade de Reabilitação Urbana Coimbra Viva) e de Rui Mealha, arquitecto responsável pela solução urbanística da 1ª unidade de intervenção de recuperação da Baixa de Coimbra. O tema foi precisamente a Sociedade de Reabilitação Urbana Coimbra Viva (SRU) que tem como área de intervenção definida todo o centro histórico.




No entanto, como salientou João Rebelo, dentro daquele espaço a câmara definiu como prioridade a Baixa. “Em primeiro lugar porque é a zona que está mais degradada e porque é a área onde é mais importante a renovação e colocação de pessoas”, afirmou.

Num documento elaborado pela autarquia foram identificadas ainda 8 subzonas prioritárias das quais a primeira é a que corresponde à área de atravessamento do futuro eléctrico rápido de superfície. “Sendo algo que estava assumido pelo Governo, que estava posto a concurso e de que desde há 20 anos se falava na cidade, deixou de haver naquela área investimento na manutenção e conservação do edificado”, referiu ainda João Rebelo. Trata-se pois de uma zona que “está em profunda degradação e ruína”, sendo necessário, “por razões de segurança, demolir devido ao risco evidente”.




João Paulo Craveiro recordou o posicionamento estratégico da Baixa na dinâmica da cidade e revelou que a área a ser intervencionada tem cerca de 14 hectares e uma população de 1.300 habitantes.

O Presidente da SRU salientou a necessidade da “criação de condições de atractividade de acordo com padrões de modernidade e conforto”, referindo que a reconstrução dos edifícios “deverá preservar a forma arquitectónica, mantendo o exterior das edificações e renovando o interior”. Deverá ainda ser dada atenção especial ao estacionamento para residentes. A manutenção e incremento de actividades económicas estratégicas é outra das preocupações.
“Temos que ter projectos de altíssima qualidade e, por outro lado, temos que conseguir que a intervenção se faça sem vir a originar custos de manutenção de tal ordem que o projecto não tenha sustentabilidade económica”, referiu ainda João Paulo Craveiro.




“Coimbra, como cidade histórica que é, não pode continuar a dar-se ao luxo que ter o centro histórico e a baixa, nomeadamente, naquele estado. Temos que ter condições para atrair novos moradores que gostem de lá viver e para tal teremos que garantir funções e actividades âncora. Garantir vida intensa quer durante o dia, com as lojas abertas, quer durante o fim da tarde e noite”, revelou.

A 1.ª unidade de intervenção engloba a passagem na baixinha do eléctrico rápido de superfície, enquanto a 2.ª unidade englobará o Terreiro da Erva e toda a área envolvente entre a rua da Moeda e a rua da Sofia, a rua Direita e a rua João de Ruão.




A finalizar, o arquitecto Rui Mealha falou aos presentes sobre as soluções urbanísticas a adoptar para a 1.ª unidade de intervenção, seguindo-se um aceso debate com várias perguntas por parte da assistência.

Terças-Feiras de Minerva no Público e Jornal de Notícias

Concurso para parceiro privado da SRU Coimbra Viva até final do ano

O presidente da Sociedade de Reabilitação Urbana (SRU) Coimbra Viva adiantou, na noite de anteontem, que o concurso público para a escolha do parceiro privado para as obras a realizar na primeira unidade de intervenção, a zona da Baixinha que, no futuro, será atravessada pelo metropolitano ligeiro de superfície, será lançado até ao final do ano.
Numa sessão promovida pelo Rotary Club de Coimbra na Livraria Minerva, João Paulo Craveiro sublinhou que o objectivo é que a escolha do parceiro privado e o início dos contactos com os proprietários dos edifícios da zona em causa decorram de forma paralela. Isto de maneira a que o primeiro já possa participar nas negociações com os particulares que não queiram assumir as obras de requalificação dos respectivos prédios.
Depois do contacto em que são convidados a realizar as obras, os particulares têm um prazo de 60 dias para responder. Se não o fizerem ou se rejeitarem a realização de obras, poderão vender os prédios à SRU ou ao parceiro privado; caso não cheguem a acordo, a SRU procederá à expropriação dos edifícios, de maneira a que as obras de requalificação naquela zona decorram, como previsto, nos decorrer dos três anos seguintes.
No caso da primeira unidade de intervenção, estão em causa 80 prédios, 20 dos quais pertencem à sociedade Metro Mondego e cerca de 12 à câmara municipal. A segunda unidade, que será oficialmente definida até ao fim do ano, irá abranger uma zona "vizinha", a envolvente ao Terreiro da Erva, com limites na Rua da Sofia, Rua Nova e Rua de João de Ruão. No encontro, João Paulo Craveiro disse pensar que, no decorrer dos primeiros dois meses de 2007, possa ser lançado o concurso público para a escolha da equipa que vai elaborar o documento estratégico desta segunda unidade.

G.B.R.
Público


SRU lança concurso até final do ano

A Coimbra Viva S.A. - Sociedade de Reabilitação Urbana (SRU) vai lançar, até final do ano, o concurso público para a escolha da empresa, ou consórcio, que irá reabilitar casas da Baixa da cidade cujos proprietários não queiram fazer obras.
O concurso diz respeito à primeira unidade de intervenção da SRU, que inclui os quarteirões que ficam entre a Rua da Moeda e a Rua João Cabreira; entre a João Cabreira e a Rua da Direita; e entre a Direita, a Rua Nova e a Praça 8 de Maio.
Além dos imóveis cujos donos estão indisponíveis para fazer obras, a empresa ou consórcio que vencer o referido concurso também poderá recuperar as outras casas (fazendo as obras e o respectivo projecto de arquitectura), se os seus proprietários assim preferirem.
A SRU, sociedade anónima cujo capital pertence à Câmara de Coimbra (49%) e ao Estado, através do Instituto Nacional de Habitação (51%), também está a preparar a abertura do concurso para a escolha da empresa que elaborará o documento estratégico para a segunda unidade de intervenção (do Terreiro da Erva à Rua João de Ruão). Basicamente, esse documento definirá as linhas gerais da reabilitação urbana.

NM

JN

quarta-feira, novembro 22, 2006

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Caso República em livro




A CONFIGURAÇÃO DOS ACONTECIMENTOS E DOS PROBLEMAS PÚBLICOS
O CASO REPÚBLICA E AS MANIFESTAÇÕES NOS AÇORES EM 1975
Isabel Babo Lança


Se o acontecimento constituía já um objecto de estudo preferencial da historiografia e da sociologia da comunicação, desde a década de 90 passou a constituir também objecto de análise sociológica. No contexto de uma sociologia inspirada na etnometodologia, na fenomenologia, na narratologia, na hermenêutica e na filosofia analítica, o acontecimento passou a ser considerado não tanto como objecto de análises semióticas ou factuais, mas enquanto fenómeno susceptível de conduzir a uma reelaboração da própria concepção do social.

Na convicção de que é em função dos fins práticos da acção colectiva no espaço público e na perspectiva da organização da experiência pública que os actores sociais explicam e interpretam o que se passa em termos de acontecimentos e/ou de problemas prováveis e de acções imputáveis, examinam-se, na presente obra, as diferentes maneiras de descrever um acontecimento, de o designar e caracterizar, de tematizá-lo e de o transformar em problema público. Pretende-se mostrar que a configuração e construção do sentido dos acontecimentos depende de realizações práticas, ao nível da sua produção e da sua recepção, e que as descrições, as categorizações e as narrativas intervêm na construção social e pública daquilo de que elas próprias dão conta.

Os dois acontecimentos em análise ocorreram em Portugal no período revolucionário de 1975, sendo eles o caso República e as manifestações separatistas nos Açores. Não é em termos de uma causalidade histórica que estes dois acontecimentos particulares, tomados como objecto de análise, são abordados, ensaiando-se antes apreender por meio de que operações foram identificados e dotados de sentido. Trata-se de uma abordagem sociológica particular, que produz uma inteligibilidade dos acontecimentos diferente da perspectiva que visa uma explicação causal, na medida em que não perde de vista o facto de o caso República e as manifestações nos Açores terem acontecido a pessoas que suportaram esses acontecimentos, os sofreram, foram afectadas por eles, deles se apropriaram, responderam-lhes e reagiram em função das significações que lhes atribuíram e que aplicaram à sua experiência pública.

Isto é, sendo factual, um acontecimento é também relativo a um ponto de vista e aos recursos semânticos e simbólicos escolhidos para o descrever. Pode transformar-se num problema público, fixar sobre si a atenção colectiva e desencadear uma acção pública. A sua configuração pode ser revista e o acontecimento adquirir uma inteligibilidade retrospectiva e uma nova significação.


Nascida no Porto, onde reside, Isabel Babo-Lança é Professora Associada na Universidade Lusíada. Doutorada em Sociologia pela École des Hautes Études en Sciences Sociales de Paris, foi bolseira da Fundação para a Ciência e a Tecnologia, programa PRAXIS XXI.
É membro da Unidade de Investigação CEPESE – Centro de Estudos da População, Economia e Sociedade, da Universidade do Porto, e integra a Comissão Científica da Revista População e Sociedade (CEPESE / Edições Afrontamento).
Leccionou na Escola Superior de Jornalismo do Porto e no Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa (ISCTE).
Tem colaborado em diversas publicações científicas da especialidade, de que se destacam a coordenação da obra “Estudos e ensaios em homenagem a Eurico Figueiredo”, Cepese / Edições Afrontamento (2005), a colaboração, com o artigo “Confiança e Democracia”, na obra “Desafios da democratização no mundo global” (M. Raquel Freire [org.], Edições Afrontamento / Cepese, 2004) e a participação, com a redacção de entradas, no Dicionário de Sociologia (Porto Editora, 2002) e no Dicionário de Relações Internacionais (Fernando de Sousa [dir.], Edições Afrontamento, 2005).
Interessada pelo estudo do acontecimento e dos problemas públicos assim como pela temática da ética e da responsabilidade social, tem intervindo regularmente em colóquios e conferências da sua área de especialidade e tem publicado, neste âmbito, em revistas como a Trajectos / ISCTE, Psiconomia / Universidade Lusíada e Antropológicas / Universidade Fernando Pessoa.

Terças-Feiras de Minerva no Diário de Coimbra

Concurso da 2.ª Unidade lançado no início de 2007
Com 1.ª Unidade de Intervenção a avançar, a SRU prepara-se para lançar já no início de 2007 o concurso para a segunda etapa da reabilitação da Baixa

A Sociedade de Reabilitação Urbana (SRU) irá lançar no início de 2007 o concurso público da 2.ª Unidade de Intervenção da Baixa de Coimbra que englobará o Terreiro da Erva e toda a área envolvente, estando até ao final deste ano a preparar todos os documentos para a sua realização, informou ao Diário de Coimbra João Paulo Craveiro.
O presidente da SRU participava ontem com João Rebelo, vice-presidente da Câmara de Coimbra, e Rui Mealha, arquitecto responsável pela solução urbanística da 1.ª Unidade de Intervenção, num debate promovido pelo Rotary Club de Coimbra Santa Clara, na Livraria Minerva e confessou que um dos principais projectos para esta segunda etapa da reabilitação da Baixa é a reformulação do actual da Pavilhão da Palmeira, de modo a transformá-lo numa das principais áreas de lazer e convívio daquela zona da cidade.
Manter-se-á o campo de jogos, mas todas as outras áreas serão remodeladas, de modo a poderem ser usufruídas por toda a cidade, adiantou João Paulo Craveiro, considerando esta intervenção «fundamental» uma vez que o mítico pavilhão, único espaço desportivo instalado na Baixa, «não tem quaisquer condições de segurança para actividades desportivas». «Este é um espaço que não se pode perder», continuou.
Este espaço desportivo é apenas uma das peças do “puzzle” da 2.ª Unidade de Intervenção defina pela SRU para a Baixa de Coimbra e que englobará o Terreiro da Erva e toda a área envolvente entre a Rua da Moeda e a Rua da Sofia, a Rua Direita e a Rua João de Ruão.
Embora ainda não criado o Plano Estratégico desta unidade - ele será “desenhado” pelo consórcio que vencerá o concurso que a SRU lançará no início de 2007 - João Paulo Craveiro acredita que em relação nesta unidade «haverá maiores preocupações arqueológicas» do que na primeira, assim como que a intervenção será «de reabilitação pura», como muito menos «deitar a baixo».
Tal como acontece com a unidade que inclui o futuro corredor do metro, também aqui a SRU irá tentar encontrar «uma ideia de vivência», um «carácter próprio» que defina aquela área. O presidente da SRU acredita que a antiga fábrica de cerâmica a funcionar naquele local poderá protagonizar este papel, uma vez que se trata «de um museu vivo» e de um «elemento de valorização, não só do Terreiro da Erva, como também de toda a Baixa».
Em relação à primeira Unidade de Intervenção, estará para breve o lançamento do concurso com vista à escolha do parceiro privado que fará as negociações e financiará com os proprietários dos prédios que não querem realizar as obras. No que respeita aos que aceitarem participar neste projecto, a SRU para além de ir criar parcerias com bancos para que financiem as obras a taxas mais favoráveis e com fornecedores para que vendam equipamentos a custos mais reduzidos, a sociedade assinou um acordo com o Instituto Tecnológico de Construção para que os proprietários tenham «apoio técnico especializado».

Ana Margalho
Diário de Coimbra, 22 de Novembro de 2006

terça-feira, novembro 21, 2006

O jornalismo e a História

Este número de Media & Jornalismo é especialmente dedicado à História da Imprensa. Trata-se de uma área de saber que tem sido pouca valorizada, tanto na investigação histórica, como nas diversas abordagens que os estudos de Comunicação têm vindo a privilegiar. Ainda assim, mais recentemente diversos estudos ao nível de Pós-graduações, Mestrados e Doutoramentos têm contribuído para um conhecimento mais detalhado dos jornais, dos jornalistas, das leis da Imprensa e do jornalismo do século XIX e XX.

Nesse sentido, Ana Cabrera, Doutorada em História Política e Institucional Contemporânea, organizou este número, justamente com o duplo objectivo de dar a conhecer, valorizar e estimular a investigação na área da história dos media e do jornalismo.

Constituem também objectivos deste número, fornecer uma visão diacrónica de estudos sobre a imprensa, – daí aparecerem assuntos relacionados uns com o século XIX e outros com o século XX; alargar o conhecimento sobre o regime censório do Estado Novo; e problematizar as condições e contribuições dos jornalistas num período de viragem na política portuguesa.

Apresenta-se, assim, uma diversidade de assuntos e de abordagens, no sentido de sublinhar que o estudo do passado apoia o conhecimento do presente, que nenhuma interpretação é definitiva, que a História contempla e integra a diversidade das interpretações, recorrendo a diversas fontes e metodologias.

Em “Os jornalistas no marcelismo – dinâmicas sociais e reivindicativas”, Ana Cabrera analisa as alterações na profissão que se avolumaram nos finais dos anos sessenta. Através do uso de bases de dados e de metodologias quantitativas, de entrevistas, cruzadas com interpretação de diversos documentos, a autora apresenta a evolução da classe ao longo de catorze anos (1960-74) assinalando a forma como o aumento da demanda de mão-de-obra conduziu ao rejuvenescimento das redacções, à aplicação de novos métodos de trabalho e a muita inovação nos jornais. Demonstra ainda como uma nova geração mais habilitada, com frequência universitária e experiência nos Movimentos Associativos da década de sessenta, forçou uma viragem no processo reivindicativo dos jornalistas, bem como na organização sindical.

No artigo “Anos 60: um período de viragem no jornalismo português” Carla Baptista e Fernando Correia apresentam alguns resultados de uma investigação, intitulada “Memórias do Jornalismo”, que consistiu na recolha e tratamento de testemunhos orais de profissionais
– jornalistas e tipógrafos. Os contributos das entrevistas são analisados em função dos percursos profissionais e do contexto histórico em que ocorreram. Os autores descrevem processos de trabalho, a hierarquia na redacção, as relações profissionais e as restrições que a censura impunha aos jornais e à actividade dos jornalistas, identificando os anos sessenta como um período de viragem no jornalismo português em virtude do rejuvenescimento dos quadros e consequentes mudanças na liderança das redacções.

Em “Revistas políticas no Estado Novo: uma primeira aproximação histórica ao problema”, Álvaro Matos parte de uma selecção de seis revistas publicadas durante o Estado Novo. Num primeiro grupo as revistas são claramente políticas como é o caso do “Integralismo Lusitano”, “Tempo Presente” e o “Tempo e o Modo”; num segundo conjunto a selecção recaiu em revistas literárias e económicas, que naturalmente não deixam de ser políticas, como é o caso de “O Ocidente” a “Vértice” e a “Revista de Economia”. Cada revista é apresentada segundo as linhas ideológicas, os conteúdos e os seus colaboradores. O autor conclui que apesar do regime censório, o Estado Novo não era um regime monolítico e permitia mesmo, quer à direita, quer à esquerda a existência de publicações cujos conteúdos eram críticos, salvaguardando, embora, a discrição e a subtileza das criticas, bem como não inclusão de autores proibidos.

Joaquim Cardoso Gomes no artigo “Álvaro Salvação Barreto: oficial e censor do salazarismo”, é uma biografia do Tenente-Coronel de artilharia que foi responsável pela edificação da máquina da censura em Portugal. A acção deste militar faz-se sentir entre o 1928 até 1944. O texto apresenta as diversas etapas do estabelecimento da censura, quer ao nível da máquina organizacional, quer ao nível do seu pessoal político que era, até ao fim da 2ª Guerra Mundial, exclusivamente militar. Apresenta ainda os esforços levados a cabo por Salvação Barreto no sentido de manter a autonomia da censura face ao Secretariado para a Propaganda Nacional (SPN) situação que não viu consignada uma vez que em 1944 a propaganda e a censura ficam subordinadas a Salazar o que ditou o afastamento de Salvação Barreto e o seu ingresso na liderança da Câmara Municipal de Lisboa.

Rogério Santos em “O jornalismo na transição do século XIX para o XX. O caso do diário Novidades (1885-1913)”, apresenta a primeira série deste periódico segundo três eixos de análise: linha ideológica; secções e géneros jornalísticos os jornalistas e a sua actividade profissional. Numa época em que os jornais mantêm uma forte ligação a correntes de opinião o Novidades assumia-se como defensor do regime monárquico e dos valores da igreja católica e como opositor frontal ao ideário republicano. Ainda assim este jornalismo de opinião de feição muito próxima da literatura reunia colaboradores de peso como Emídio Navarro, Ramalho Ortigão, Oliveira Martins e Eça de Queirós.

Esta secção do número 9 dedicada à História da Imprensa, fecha com uma entrevista a Peter M. Herford conduzida por Eduardo Cintra Torres, investigador e crítico de televisão. A sua leitura oferece um enorme manancial de informação não só sobre o seu percurso profissional que contempla mais de 30 anos, como também acerca da cobertura de acontecimentos que mudaram a televisão americana como foi o caso do assassínio do Presidente Kennedy. A propósito deste acontecimento a CBS manteve, pela primeira vez na história das transmissões televisivas, um acontecimento no ar durante quatro dias, com vários directos, apesar das restrições tecnológicas que se colocavam nos anos sessenta.

Fora do tema deste número apresenta-se um estudo de Hermenegildo Borges sobre a “Publicidade erótica e a sua problemática regulação”. Neste trabalho o autor analisa o enquadramento jurídico do assunto e problematiza se deve ou não existir uma maior regulamentação sobre estas matérias, disponibilizando argumentos a favor e contra e propondo uma hipótese de resposta.

segunda-feira, novembro 20, 2006

Nitheroy, Revista Brasiliense



As Edições MinervaCoimbra acabam de editar em CD-ROM uma Edição Facsimilada do Tomo Primeiro n.ºs 1 e 2 de "NITHEROY, Revista Brasiliense. Sciencias, Lettras e Artes", acompanhada por uma edição de Estudos Críticos, com orientação de Ana Beatriz Demarcho Barel sob a coordenação de Maria Aparecida Ribeiro.


"Apesar da sempre citada importância que teve para a afirmação de uma literatura nacional e do Romantismo brasileiro, a NITHEROY, Revista Brasiliense mereceu apenas, até aos dias que correm, uma única reedição: a fac-similar, hoje inteiramente esgotaa, que a Academia Paulista de Letras deu à estampa, em 1978.

Comemorando os 170 anos de tão importante publicação, a Prof. Doutora Ana Beatriz Demarchi Barel, pesquisadora junto às Universidades de Paris III e Toulouse II, que já estudara a NITHEROY em sua tese de doutoramento, decidiu reeditá-la. Numa feliz coincidência, o Instituto de Estudos Brasileiros da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra incluíra actividade semelhante em sua programação.

Com o apoio da MinervaCoimbra surge, assim, mais uma vez fora do Brasil, a revista cujo título valorizava o tupi, raiz mais profunda de um país que se tornara há pouco independente, ao mesmo tempo que, no subtítulo, procurava afirmar a nação que se tentava construir. Vem mais uma vez sob a forma de edição fac-similar, mas, agora, em CD-ROM, a partir do microfilme qe é propriedade da Bibliothèque Sainte-Geneviève (...). Além disso, na presente edição, pela primeira vez, incluem-se textos críticos"

in Apresentação
Maria Aparecida Ribeiro



ÍNDICE
. Apresentação : Maria Aparecida Ribeiro
. Formas de Sobreviver em 1836 : Ernesto Rodrigues
. Gonçalves de Magalhães e a Revista NITHEROY : Regina Zilberman
. Revista NITHEROY (1836): relações político-culturais entre Brasil e França no século XIX : Ana Beatriz Demarchi Barel
. Razões do Elogio Mútuo: relações entre brasil e França nas páginas da NITHEROY : Maria Aparecida Ribeiro
. "Philosophia da religião: sua relação com a moral e sua missão social": Les avatars de la réflexion philosophico-politique du romantisme français : Jean-Claude Laborie
. A produção açucareira nas páginas da NITHEROY : Carlos de Almeida Prado Bacellar e Rafael de Bivar Marquese
. Notas de viagem de um brasileiro enre o Inferno e o Paraíso ("Contornos de Nápoles") : Manuel Ferro
. Primórdios do Nacionalismo musical : Maria de Fátima Dias Duarte

Lena Gal na Galeria Minerva


A Galeria Minerva tem patente até 5 de Dezembro
uma exposição de Pintura de Lena Gal,
de segunda a sábado, das 10 às 13 e das 14.30 às 20 horas.